A Proclamação de BAHÁ´U´LLÁH AOS REIS E LÍDERES DO MUNDO
Bahá´ú´lláh
2:17 h Bahá’í
The Proclamation of Bahá´u´lláh to the kings and leaders of the world Casa Universal de Justiça 1967 Primeira edição: 1967 Segunda edição: 1977 Direitos de publicação reservados EDITORA BAHÁ´Í DO BRASIL Rua Engenheiro Gama Lobo, 267 Rio de Janeiro
A Proclamação de BAHÁ´U´LLÁHAOS REIS E LÍDERES DO MUNDO

“O tempo preordenado para os povos e raças da terra é agora chegado.”


CENTRO MUNDIAL BAHÁ´Í
HAIFA

“Só desejamos o bem do mundo e a felicidade das nações; não obstante, consideram-nos provocadores de luta e sedição, dignos de cativeiro e exílio… Que todas as nações se unam em uma mesma fé, e todos os homens se tornem irmãos; que os laços de unidade e afeição entre os filhos dos homens sejam fortalecidos; que cesse a diversidade de religião, e as diferenças de raça sejam anuladas que mal nisso?… E assim de ser: essas lutas infrutíferas, essas guerras arruinadoras, hão de passar e a “Paz Máxima” de vir… Vemos, entretanto, vossos reis e governantes gastarem os tesouros mais livremente com os meios da destruição da humanidade, do que com aquilo que lhe pudesse proporcionar felicidade… Essas lutas, carnificinas e discórdias devem cessar, e todos os homens ser como uma família… Que o homem não se vanglorie pelo amor à pátria e sim pelo amor à sua espécie…”

INTRODUÇÃO

CEM ANOS passados, Bahá´ú´lláh, Fundador da Bahá´í, proclamou, em linguagem clara e inconfundível, aos reis e governantes do mundo, aos seus líderes religiosos e à humanidade em geral, que a era, longamente esperada, de paz mundial e fraternidade, havia, finalmente, se iniciado e que Ele Próprio era o Portador da nova mensagem e do poder de Deus que iriam transformar o sistema, então prevalecente, de antagonismo e inimizade entre os homens e criar o espírito e a forma de pré-destinada ordem mundial.

Naquele tempo o esplendor e a ostentação dos monarcas refletiam o vasto poder que exerciam, autocraticamente quase sempre, sobre a maior parte da terra. Bahá´u´lláh, um exilado de sua pátria, a Pérsia, devido a Seu ensinamento religioso, encontra-se prisioneiro do tirânico e todo-poderoso Sultão do Império Otomano. Em tais circunstâncias dirigiu Suas palavras aos mandatários do mundo. Suas Epístolas a alguns reis e ao Papa, embora entregues, foram desprezadas ou rejeitadas, ficando desatendidos seus sábios conselhos e sérias admoestações, sendo que em um caso o portador de Sua mensagem foi cruelmente torturado e morto.

Bahá´u´lláh, observando aquele mundo antigo e vendo que estava “à mercê de governantes tão embriagados pelo orgulho que não podiam discernir claramente seu próprio benefício”, declarou que”… a luta que divide e aflige a raça humana cresce dia a dia. Os sinais das próximas convulsões e do caos podem ser discernidos, uma vez que a ordem atual mostra-se ser lamentavelmente defeituosa”.Embora pintando em tons sombrios o “castigo divino” que adviria à maior parte daqueles governantes, trazendo ruína aos povos do mundo, Ele, no entanto, não deixou dúvida quanto ao resultado final. “Logo”, declarou, “a ordem atual passará e uma nova será estabelecida em seu lugar”.

Desde a ascensão de Bahá’u’lláh em 1892, na Terra Santa, a transformação da velha ordem tem se tornado a experiência diária da humanidade e não se nota diminuição nesse processo. A essência da Ordem Mundial de Bahá’u’lláh é a unidade da raça humana. “Ó vós filhos dos homens”, escreve, “o propósito fundamental que anima a de Deus e Sua Religião é a salvaguarda dos interesses e a promoção da unidade da raça humana…”. E Ele adverte, “O bem-estar da humanidade, sua paz e segurança, serão inatingíveis até que sua unidade seja firmemente estabelecida”. A realização dessa unidade é a missão declarada de Bahá’u’lláh e o propósito de toda atividade Bahá’í. Seu escopo e estrutura estão indicados na seguinte passagem dos escritos de Shoghi Effendi, bisneto de Bahá’u’lláh e Guardião da Bahá’í:

“A unidade do gênero humano - assim como Bahá’u’lláh a concebeu - compreende o estabelecimento de uma comunidade mundial em que todas as nações, raças, credos e classes estejam estreitas e permanentemente unidas, e na qual a autonomia dos estados que a compõem, a liberdade e a iniciativa pessoal dos membros individuais destes, sejam garantidas de um modo definitivo e completo. Tal comunidade mundial deve abranger, segundo o nosso conceito, uma legislatura mundial, cujos membros, os representantes de todo o gênero humano, virão a controlar todos os recurso das respectivas nações componentes e criar as leis que forem necessárias para regular a vida, satisfazer as necessidades e ajustar as relações de todas as raças e povos entre si. Um executivo mundial, apoiado por uma Força internacional, efetuará as decisões dessa legislatura mundial, aplicará as leis por ela criadas e protegerá a unidade orgânica de toda a comunidade mundial. Um tribunal mundial deverá adjudicar toda e qualquer disputa que surja entre os vários elementos que constituem esse sistema universal, sendo irrevogável a sua decisão. Um sistema de intercomunicação mundial será adotado, abrangendo todo o planeta, e, livre de qualquer embaraço ou restrição nacional, funcionará com admirável rapidez e perfeita regularidade. Uma metrópole mundial será o centro da civilização mundial, o foco de convergência das forças unificadoras da vida, donde irradiar-se-ão as suas influências vigorizantes. Um idioma mundial será criado, ou escolhido dentre as línguas existentes, e será ensinado em todas as escolas de todas as nações federadas, como auxiliar a língua nativa. Uma escrita mundial, uma literatura mundial, um sistema uniforme e universal de moeda, de pesos e medidas simplificarão e facilitarão o intercâmbio e entendimento entre as nações e raças da humanidade. Nesta sociedade mundial, a ciência e a religião, as duas forças mais potentes da vida humana, serão reconciliadas, assim cooperando e desenvolvendo-se harmoniosamente. Não mais será a imprensa, sob tal sistema, perniciosamente dominada por interesses, quer particulares, quer públicos, embora de plena expressão às várias opiniões e convicções do gênero humano; libertar-se-á da influência de governos e povos querelantes. Os recursos econômicos do mundo serão organizados, suas fontes de matérias-primas serão exploradas e completamente utilizadas, seus mercados serão coordenados e desenvolvidos, e a distribuição de seus produtos será regulada de um modo eqüitativo.

“As rivalidades entre as nações, os ódios e as intrigas, cessarão, e os preconceitos e animosidades de raça serão substituídos por amizade, entendimento mútuo e cooperação. Não mais existirão os motivos da contenda religiosa, abolir-se-ão as barreiras e restrições econômicas, e a distinção excessiva entre as classes desaparecerá. A pobreza extrema, por um lado, e, por outro, a vergonhosa acumulação de bens, igualmente, acabarão. A quantidade enorme de energia que se desperdiça com a guerra, quer econômica ou política, será dedicada a fins como estes: a extensão do alcance das invenções humanas e do desenvolvimento técnico, o aumento da capacidade produtiva da humanidade, o extermínio das moléstias, a ampliação das pesquisas científicas, a adoção de mais altos padrões de saúde física, o aperfeiçoamento do cérebro humano, a exploração dos recursos do planeta que ainda não foram utilizados ou descobertos, o prolongamento da vida do homem, e a promoção de qualquer outro meio de estimular a vida intelectual, moral e espiritual da humanidade inteira.

“A meta para a qual a força unificadora da vida impele a humanidade é um sistema federal mundial, que regerá toda a terra, exercendo uma autoridade inquestionável, harmonizando e incorporando os ideais de Leste e Oeste, liberto do flagelo da guerra e suas tristes conseqüências, esforçando-se por aproveitar todas as fontes de energias existentes na superfície do planeta - um sistema em que a força subordina-se à justiça, e cuja vida é sustentada por seu reconhecimento universal de um Deus e sua lealdade a uma Revelação comum…”.

A Mensagem de Bahá’u’lláh é uma mensagem de esperança, de amor, de reconstrução prática. Sofremos hoje os amargos resultados da rejeição, pelos nossos antepassados, ao Seu divino chamado. Hoje, porém, existem novos governantes, novos povos, que porventura queiram ouvir e evitar ou mitigar a severidade da catástrofe iminente. É com esta esperança e crendo ser isto seu sagrado dever, que a Casa Universal de Justiça, o corpo governante internacional da Bahá’í, proclama novamente, através da publicação destas passagens selecionadas, a essência daquele poderoso chamado de um século atrás. Na mesma esperança e os Bahá’ís, em todo o mundo, envidarão o máximo de seus esforços, durante este período centenário, para levar à atenção de seus semelhantes o fato redentor desta nova efusão de guia divina e amor. Acreditamos que eles não trabalharão em vão.

Haifa, 1967.

ADVERTÊNCIAS AOS REIS E GOVERNANTES DO MUNDO COLETIVAMENTE

Ó REIS DA TERRA! veio Aquele que é o Senhor soberano de todos. O Reino é de Deus, o onipotente Protetor, O que subsiste por Si Próprio. A ninguém adoreis senão a Deus e, com corações radiantes, erguei a face ao Senhor, - Senhor de todos os nomes. Esta é uma Revelação com a qual nenhuma de vossas possessões jamais será comparável - pudésseis apenas saber isso.

Vemos quanto vos regozijais naquilo que tendes amontoado de outrem, enquanto vos excluís dos mundos que somente Minha Epístola Guardada pode avaliar. Os tesouros que acumulastes vos têm desviado muito de vosso objetivo final. Isso mal vos convém, se apenas pudésseis compreender. Limpai vossos corações de toda corrupção terrena e apressai-vos a entrar no Reino de vosso Senhor, Criador da terra e do céu, que fez tremer o mundo e gemerem todos seus povos, menos aquele que renunciaram todas as coisas e aderiram àquilo ordenado pela Epístola Oculta…

Ó reis da terra! A Maior Lei foi revelada neste Lugar, nesta cena de transcendente esplendor. Tudo oculto veio à luz, segundo a Vontade do Ordenador Supremo, Aquele que anunciou a Hora Final, através de Quem a Lua se rachou e todo decreto irrevogável foi exposto.

Sois apenas vassalos, ó reis da terra! Aquele que é Rei dos Reis apareceu, adornado de Sua glória, a mais maravilhosa, e vos convoca a Ele Mesmo, o Amparo no Perigo, O que subsiste por Si Próprio. Acautelai-vos para que o orgulho não vos detenha de reconhecer a Fonte da Revelação, nem as coisas deste mundo vos excluam, como se o fosse por um véu, Daquele que é Criador do céu. Levantai-vos e servir Àquele que é o Desejo de todas as nações, que vos criou por uma palavra Sua e ordenou que fôsseis, para todo o sempre, os emblemas de Sua soberania.

Pela retidão divina! Não é Nosso desejo apoderarmo-nos de vossos reinos. É Nossa Missão capturarmos e possuirmos os corações dos homens.

Nestes é que Bahá fita os olhos. Disso testemunho o Reino dos Nomes - pudésseis apenas compreendê-lo. Quem ouve seu Senhor, de renunciar ao mundo e a tudo o que nele se acha; quanto maior, pois, deve ser o desprendimento daquele que ocupa tão augusta posição! Abandonai vossos palácios e apressai-vos para que sejais admitidos a seu Reino. Em verdade, isto vos será proveitoso tanto neste mundo como no vindouro. O Senhor do reino nas alturas testemunho disso - se apenas o soubésseis.

Quão grande ventura espera o rei que se levantar a fim de promover Minha Causa em Meu Reino, desprendendo-se de tudo menos de Mim! Tal rei é contado entre os companheiros do Arco Rubro, Arco este que Deus preparou para o povo de Bahá.Todos lhe devem glorificar o nome, reverenciar a posição e prestar auxílio em abrir as cidades com as chaves de Meu Nome, onipotente Protetor de todos os que habitam os reinos visíveis e invisíveis. Tal rei é a própria vista da humanidade, o luminoso ornamento na fronte da criação, manancial de bênçãos para o mundo inteiro. Oferecei, ó povo de Bahá, vossa substância, ainda mais, vossa própria vida, em seu auxílio.

Nada pedimos de vós. Por amor a Deus, em verdade, vos exortamos, e seremos pacientes assim como temos sido pacientes naquilo que Nos sucedeu em vossas mãos, ó assembléia de reis.

Ó REI DA TERRA! Daí ouvidos à Voz de Deus, chamando desta Árvore sublime, cheia de frutos, que brotou da Colina Carmesim, sobre a Planície santa, entoando as palavras: - “Não outro Deus senão Ele, o Grande, o Todo-Poderoso, o Onisciente…” Temei a Deus, ó assembléia dos reis e não vos deixeis ser privados desta mais sublime graça. Rejeitai, pois, as coisas que possuis, e segurai-vos ao Amparo de Deus, o Excelso, o Grande. Volvei vossos corações para a Face de Deus e abandonai aquilo que vossos desejos vos tem mandado seguir, e não sejais dos que perecem. Relata-lhes, ó servo, a história de ´Alí (o Báb) quando Ele lhes veio com a verdade, trazendo Seu Livro glorioso e ponderado, segurando nas mãos um testemunho e uma prova concedida por Deus, e emblemas santos, benditos, por Ele enviados. Vós, porém, ó reis, deixastes de atender à lembrança de Deus em Seus dias e de ser guiados pelas luzes surgidas, brilhantes, por cima do horizonte do Céu esplendoroso. Não examinastes Sua Causa, mas se assim tivésseis feito, isso teria sido melhor para vós do que tudo aquilo sobre que o sol brilha, pudésseis apenas perceber isto. Vós vos mantivestes indiferentes até que os sacerdotes da Pérsia aqueles cruéis pronunciaram sentença contra Ele e injustamente O trucidaram. Seu espírito ascendeu a Deus, e os olhos dos moradores do Paraíso e dos anjos próximos Dele prantearam por causa dessa crueldade. Guardai-vos de descuidar doravante, assim como tendes descuidado até agora. Voltai-vos, pois, para Deus, vosso Criador, e não sejais dos desatentos… Meu semblante saiu de trás dos véus e irradiou seu esplendor sobre tudo o que está no céu e na terra; e, no entanto, não Lhe volvestes a face, embora para Ele fosseis criados, ó assembléia de reis! Segui, pois, o que vos falo, e escutai-o com vossos corações, e não sejais dos que se desviaram. Porque vossa glória não consiste em vossa soberania, mas, antes, em vossa proximidade de Deus e em vossa obediência a Seu mandamento que baixou do céu em Suas Santas Epístolas preservadas.

Se um de vós tivesse domínio sobre toda a terra, sobre tudo o que se acha dentro dela e sobre ela, seus mares, seus países, suas montanhas e suas planícies, mas, no entanto, não fosse lembrado por Deus, tudo isso proveito algum lhe traria se apenas pudésseis saber isso… Levantai-vos, pois, e fazei firmes vossos pés e, em compensação por aquilo que vos escapou, dirigir-vos à Sua Santa Corte, à beira de Seu grandioso oceano, a fim de que as pérolas do conhecimento e da sabedoria guardadas por Deus na concha de Seu coração radiante, se vos possam revelar… Guardai-vos de impedir que os sopros de Deus emanem sobre vossos corações sopros através dos quais se animam os corações dos que para Ele se volveram…

Guardai-vos de tratar de um modo injusto a quem vos fizer apelo ou buscar amparo à vossa sombra. Segui o caminho do temor a Deus, e sede dos que têm uma vida piedosa. Não dependais de vosso poder, nem de vossos exércitos e tesouros. Ponde toda a vossa confiança em Deus, que vos criou, e buscai Sua ajuda em todos os vossos assuntos. Somente Dele vem o socorro. Ele ajuda a quem Lhe aprouver, com as hostes dos céus e da terra.

Sabei que os pobres são a incumbência de Deus em vosso meio. Cuidai de não trairdes Sua incumbência, não os tratando com injustiça ou seguindo os caminhos dos traiçoeiros. Havereis, certamente, de responder por Sua incumbência, no dia em que for ajustada a Balança da Justiça, no dia em que cada um receberá o que merece, e se pesarão os atos de todos os homens, sejam ricos ou pobres.

Se não atenderdes aos conselhos que Nós vos revelamos nesta Epístola, em linguagem incomparável e inequívoca, o castigo divino haverá de vos atacar de todos os lados, e a sentença de Sua justiça será pronunciada contra vós. Naquele dia, não tereis o poder de Lhe resistir e reconhecereis vossa própria impotência. Tende compaixão de vós próprios e daqueles debaixo de vosso domínio e julgai entre eles segundo as normas prescritas por Deus em Sua sacratíssima e excelsa Epístola Epístola na qual Ele designou para cada coisa sua medida fixa, e deu com clareza uma explicação de todas as coisas, e a qual, em si, é uma advertência aos que Nele crêem.

Examinai Nossa Causa, informando-vos das coisas que Nos aconteceram e decidindo com justiça entre Nós e Nossos inimigos, e sede dos que tratam seu próximo com equidade. Se não detiverdes a mão do opressor, se deixardes de salvaguardar os direitos dos oprimidos, que razão, pois, tereis de vos ufanar entre os homens? De que tendes o direito de vos jactar? Será de vosso alimento e vossa bebida que vos orgulhais, das riquezas que acumulais em vossos tesouros, ou da variedade e do valor dos ornamentos com que vos adornais? Fosse a glória verdadeira consistir na posse de coisas tão perecedoras, então a terra onde andais se deveria vangloriar sobre vós, pois é ela que vos supre e concede essas coisas, segundo o decreto do Todo-Poderoso. Nas entranhas da terra está contido tudo o que vós possuis, de acordo com o mandamento de Deus. Dela, como sinal de Sua misericórdia, extraís vossas riquezas. Vede, pois, vosso estado, a coisa de que vos gloriais! Oxalá pudésseis perceber isto! Não, por Aquele que segura na mão o domínio da criação inteira! Em parte alguma reside vossa glória verdadeira e durável, senão em vossa firme adesão aos preceitos de Deus, vossa obediência cordial às Suas leis, vossa resolução de não permitir que elas permaneçam sem efeito, e de seguir fielmente o caminho certo…

Passaram-se vinte anos, ó reis,