Jóias dos Mistérios Divinos - JAVÁHIRU’L-ASRÁR
Category: Bahá’í
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Jóias Dos Mistérios Divinos - Javáhiru’L-Asrár Bahá’u’lláh 1a edição - 2003 Tradução: Osmar Mendes

Jóias Dos Mistérios Divinos - Javáhiru’L-Asrár


Bahá’u’lláh

Introdução

O exílio de dez anos de Bahá’u’lláh no Iraque começou sob a mais severa das condições e numa fase extremamente frágil nos destinos da Babí. Porém, testemunhou a cristalização gradual daquelas forças espirituais potentes que iriam culminar na declaração de Sua missão mundial em 1863. No decorrer desses anos irradiava-se da cidade de Bagdá, Shoghi Effendi escreve, “onda após onda, um poder, um resplendor e uma glória que gradativamente reanimaram uma que languescia, penosamente atacada, submergindo na obscuridade, ameaçada de extinção. Dessa cidade se difundiam, dia e noite, e com sempre crescente energia, as primeiras emanações de uma Revelação que, em sua amplitude, sua profusão, sua força propulsora, e no volume e variedade de sua literatura, estava destinada a exceder a do próprio Báb”.

Dentre essas primeiras efusões da Pena de Glória encontra-se uma longa Epístola conhecida como Javáhiru´l-Asrár, que literalmente significa “jóias” ou “essências” dos mistérios. Vários temas aqui desenvolvidos foram também elaborados em persa em diferentes modalidades de redação em “Os Sete Vales” e no “Livro da Certeza”, dois volumes imortais que Shoghi Effendi definiu, respectivamente, como a maior composição mística de Bahá’u’lláh e Seu proeminente trabalho doutrinário. Sem dúvida alguma, “Jóias dos Mistérios Divinos” situa-se entre aquelas “Epístolas reveladas no idioma árabe” que foram mencionadas no “Livro da Certeza” .

Um dos temas centrais do livro, assinala Bahá’u’lláh, é o da “transformação”, significando aqui o retorno do Prometido sob a aparência de um novo ser humano. Na verdade, em uma nota de prefácio escrita precedendo as linhas de abertura do manuscrito original, Bahá’u’lláh afirma:

“Este tratado foi escrito em resposta a um buscador que havia perguntado como o prometido Mihdí pôde ser transformado em ‘Alí-Muhammad (o Báb). A oportunidade decorrente desta pergunta foi aproveitada para desenvolver diversos assuntos, todos eles de uso e benefício tanto para aqueles que buscam como para os que alcançaram, pudésseis vós perceber com os olhos da virtude divina.”

O buscador aludido na passagem acima foi Siyyid Yúsuf-i-Sidihí Isfahání, que, naquela época, residia em Karbilá. Suas perguntas foram apresentadas a Bahá’u’lláh através de um intermediário, e esta Epístola foi revelada em resposta a ele naquele mesmo dia.

Diversos outros temas também são tratados neste trabalho: o porquê da rejeição dos Profetas do passado; o perigo da leitura literal das Escrituras; o significado dos sinais e dos presságios da Bíblia, concernentes ao advento do novo Manifestante; a continuidade da revelação divina; alguns sinais da ocorrência, em breve, da própria revelação de Bahá’u’lláh; o significado de termos simbólicos como “o Dia do Julgamento”, “a Ressurreição”, “atingir a Presença Divina”, e “vida e morte”; e os estágios da busca espiritual através do “Jardim da Busca”, “a Cidade da Unidade Divina”, “o Jardim da Admiração”, “a Cidade da Absoluta Inexistência”, “a Cidade da Imortalidade”, e “a Cidade que não possui nome ou descrição”.

A publicação de “Jóias dos Mistérios Divinos” é um dos projetos assumidos em cumprimento a uma meta do Plano de Cinco Anos, anunciada em abril de 2001, para “enriquecer as traduções em inglês dos Textos Sagrados”. Esta obra irá aprofundar ainda mais os conhecimentos do leitor ocidental sobre um período pleno de potencialidade e descrito por Shoghi Effendi como “os anos primaveris do ministério de Bahá’u’lláh”, e irá ajudar os estudiosos de Sua Revelação em alcançar uma percepção mais profunda de seu desdobramento gradual.

CENTRO MUNDIAL BAHÁ’Í

Jóias dos Mistérios Divinos

A essência dos mistérios divinos nas jornadas de ascensão determinadas para aqueles que anseiam aproximar-se de Deus, o Todo-Poderoso, O que sempre perdoa abençoados sejam os retos que sorvem destas correntes cristalinas!

ELE É O EXALTADO, O MAIS ELEVADO!

Ó tu que trilhas o caminho da justiça e contemplas o semblante da clemência! Tua epístola foi recebida, tua pergunta considerada e as doces expressões de tua alma foram ouvidas, provindas dos recantos mais íntimos de teu coração. E então as nuvens da Vontade Divina formaram-se para verter sobre ti as efusões da sabedoria divina, despojar-te de tudo aquilo que até então reuniste, conduzir-te dos reinos da contradição para os retiros da unicidade, e fazer-te aproximar das correntezas sagradas de Sua Lei. Que nelas possas saciar tua sede, repousando então, refrescando a alma e ser incluído entre aqueles aos quais a luz de Deus guiou corretamente neste dia.

2. Ainda que Me encontre agora rodeado de cães da terra e animais ferozes de todas as partes, ainda que esteja velado solitário como permaneci na habitação oculta de Meu ser interior, e proibido de divulgar aquilo que Deus Me concedeu sobre as maravilhas de Seu conhecimento, as jóias de Sua sabedoria e os sinais de Seu poder, mesmo assim reluto para não frustrar as esperanças de alguém que se aproximou do santuário da grandeza, buscou entrar nos recintos da eternidade e aspirou pairar na imensidade desta criação no alvorecer do decreto divino. Portanto, relatarei a ti algumas verdades dentre aquelas sobre as quais Deus Me concedeu o entendimento, isso apenas na extensão em que as almas possam suportar e as mentes resistir, para evitar que os maliciosos levantem seu clamor ou os dissimuladores ergam seus estandartes. Imploro a Deus que misericordiosamente Me ajude nesta tarefa, pois a quem Lhe implora, Ele é o Todo-Benévolo, e dentre aqueles que mostram misericórdia é o Mais Misericordioso.

Sabe, então, que compete à sua eminência ponderar desde logo estas questões em teu coração: O que levou diferentes povos da terra a rejeitar os Apóstolos que Deus lhes enviara com Sua força e poder, aqueles que Ele fez aparecer para exaltar Sua Causa e ordenou que fossem as Lâmpadas da eternidade no Nicho de Sua unicidade? Por que razão as pessoas os rejeitaram, discutiram sobre eles, se lhes opuseram e com eles disputaram? Por que razão recusaram reconhecer seu grau de apóstolos e sua autoridade, ou melhor, por que negaram sua verdade e rivalizaram com suas pessoas, até mesmo banindo ou matando-os?

Ó tu, que adentraste a imensidão do conhecimento e buscaste refúgio na arca da sabedoria! Não antes de teres entendido os mistérios que se encontram ocultos naquilo que iremos relatar poderás alcançar as condições de e certeza na Causa de Deus e naqueles que são as Manifestações de Sua Causa, as Alvoradas de Seu Mandamento, os Tesouros de Sua revelação e os Repositórios de Seu conhecimento. Se falhares nisso, serás contado entre aqueles que não se esforçam pela Causa de Deus, nem inalaram a fragrância da dos prados da certeza, não escalaram as alturas da unidade divina, nem ainda reconheceram os graus da singularidade divina existente nas Personificações da exaltação e nas Essências de santidade.

Esforça-te, ó Meu irmão, para apreender este assunto, a fim de que os véus possam ser levantados da face do teu coração e para que possas ser reconhecido entre aqueles a quem Deus concedeu a graça de alcançar tão penetrante visão, com a qual podem contemplar as mais sutis realidades de Seu domínio, sondar os mistérios de Seu reino, perceber os sinais da transcendente Essência neste mundo mortal, e atingir um grau no qual não se faz distinção entre Suas criaturas e não se encontra imperfeição alguma na criação dos céus e da terra.

Agora que o discurso chegou a este exaltado e difícil tema, e alcançou este sublime e impenetrável mistério, sabe que os povos cristãos e judeus não entenderam a intenção contida nas palavras de Deus e nas promessas que Ele lhes fez em Seu Livro, e por esta razão negaram Sua Causa, rejeitaram Seus Profetas e desconsideraram Suas provas. Tivessem eles apenas fixado o olhar no testemunho do próprio Deus, tivessem eles recusado seguir as pegadas dos abjetos e dos tolos dentre seus líderes e sacerdotes, teriam certamente alcançado o repositório da guia divina e do tesouro da virtude, e bebido das águas cristalinas da vida eterna na cidade do Todo-Misericordioso, no jardim do Todo-Glorioso, e dentro da mais íntima realidade de Seu paraíso. Mas como se recusaram a ver com os olhos que Deus lhes dotou e desejado outras coisas diferentes daquelas que Ele, em Sua misericórdia, desejara para eles afastaram-se para longe das plagas da proximidade, privaram-se das águas vivas da reunião, bem como da fonte de Sua graça, e permaneceram como mortos dentro das mortalhas de seus próprios seres.

Através do poder de Deus e de Sua força, relatarei, agora, determinadas passagens reveladas nos Livros do passado, e mencionarei alguns dos sinais que anunciaram o aparecimento dos Manifestantes de Deus, nas pessoas santificadas de Seus escolhidos, para que tu possas reconhecer a Fonte desta eterna manhã e contemplar este Fogo que queima na Árvore que não pertence nem ao Oriente nem ao Ocidente. Talvez teus olhos sejam abertos ao alcançar a presença de teu Senhor e teu coração compartilhe das bênçãos escondidas dentro desses tesouros ocultos. Agradece, então, a Deus, que te escolheu para esta graça e te incluiu entre aqueles que seguramente encontrarão seu Senhor.

Este é o texto que foi revelado outrora, no primeiro Evangelho, de acordo com Mateus, com relação aos sinais que anunciariam o advento dAquele que viria depois dEle. Ele disse: “Ai das mulheres que estiverem grávidas ou amamentarem naqueles dias…” , até que o Pombo místico, chilreando no mais íntimo da eternidade, e a Ave celestial cantando na Árvore Divina, diga: “Logo após estes dias de tribulação, o sol escurecerá, a lua não terá claridade, cairão do céu as estrelas e as potências dos céus serão abaladas. Então aparecerá no céu, o sinal do Filho do homem. Todas as tribos da terra baterão no peito e verão o Filho do homem vir sobre as nuvens do céu, cercado de glória e majestade. E ele enviará seus anjos com estridentes trombetas.”

No segundo Evangelho, de acordo com Marcos, o Pombo da santidade se expressa nos seguintes termos: “Porque naqueles dias haverá tribulações tais como nunca houve, desde o princípio do mundo que Deus criou até agora, nem haverá jamais.” E cantará depois as mesmas melodias que antes, sem mudança ou alteração. Deus, verdadeiramente, é testemunha da veracidade de Minhas palavras.

E no terceiro Evangelho, de acordo com Lucas, está registrado: “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, a aflição e a angústia apoderar-se-ão das nações perplexas, pelo bramido do mar e das ondas. E as forças dos céus serão abaladas. Então verão o Filho do homem vir sobre uma nuvem com grande glória e majestade. E quando começarem a acontecer essas coisas, saiba que o reino de Deus está próximo.”

E no quarto Evangelho, de acordo com João, está registrado: “Quando vier o Consolador, que vos enviarei por parte do Pai, o Espírito da verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de Mim. Também, vós dareis testemunho.” E em outra parte Ele diz: “Mas o Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito.” E: “Agora vou para aquele que me enviou, e ninguém de vós me pergunta: Para onde vais? Mas porque vos falei assim…” E ainda outra vez: “Entretanto, digo-vos a verdade: convém a vós que eu vá! Porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas se eu for, vo-lo enviarei.” E: “Quanto vier, porém, o Espírito da verdade, ensinar-vos-á toda a verdade, porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e anunciar-vos-á as coisas que virão.”

Tais são os textos dos versos revelados no passado. Por Aquele além do Qual não existe outro Deus, decidi ser breve, pois fosse Eu repetir todas as palavras que foram enviadas aos Profetas de Deus do reino de Sua glória sublime e do Domínio de Sua poderosa soberania, todas as páginas e epístolas do mundo não seriam suficientes para exaurir Meu tema. Referências similares àquelas mencionadas, até mesmo ainda mais sublimes e exaltadas, foram feitas em todos os Livros e Escrituras do passado. Se fosse Meu desejo relatar tudo o que foi revelado anteriormente, certamente seria capaz de fazê-lo em virtude daquilo que Deus Me concedeu dos esplendores de Seu conhecimento e poder. Porém, contento-Me com aquilo que foi mencionado, para que tu não fiques cansado em tua jornada, ou sinta-se inclinado a desistir, ou para que não sejas tomado de tristeza ou pesar, nem te advenha desalento, inquietação ou fadiga.

justo em teu julgamento e reflete sobre estas excelsas elocuções. Indaga, então, daqueles que reivindicam conhecimento sem uma prova ou testemunho de Deus, e que permanecem desatentos nestes dias em que o Orbe do conhecimento e da sabedoria alvoreceu no horizonte da Divindade, compartindo com cada um o que lhe é devido e concedendo-lhes o grau e a medida devidos com relação ao que eles possam dizer quanto a estas alusões. Realmente, seu significado tem deslumbrado as mentes humanas, e mesmo as almas mais santificadas têm sido incapazes de descobrir o que elas ocultam da sabedoria consumada e do conhecimento latente de Deus.

Se disserem: “Estas palavras são verdadeiramente de Deus, e não têm outra interpretação diferente de seu significado externo”, então que objeção podem levantar contra os incrédulos entre os seguidores do Livro? Pois, quando estes viram as passagens acima mencionadas em suas próprias Escrituras, e ouviram as interpretações literais de seus sacerdotes, eles recusaram reconhecer a Deus naqueles que são as Manifestações de Sua unidade, os Expositores de Sua singularidade, e as Incorporações da Sua santidade, e falharam em acreditar neles e submeterem-se à autoridade deles. A razão disso foi porque não viram o sol escurecer, ou as estrelas caírem do céu sobre o solo, ou os anjos descerem visivelmente sobre a terra e, conseqüentemente, contenderam com os Profetas e Mensageiros de Deus. Mais ainda, que acharam discrepância entre eles e sua própria e crença, lançaram contra eles acusações como impostura, loucura, teimosia e descrença, que Me sinto envergonhado de relatar. Consulta o Alcorão e encontrarás menção de tudo isso; e sejas daqueles que entendem o seu significado. Ainda hoje essas pessoas esperam o aparecimento do que aprenderam dos seus doutores e assimilaram dos seus sacerdotes. Assim eles dizem: “Quando estes sinais serão manifestados para que possamos acreditar?” Mas se este é o caso, como se poderá refutar seus argumentos, invalidar suas provas e poder desafiá-los com relação à sua própria e compreensão de seus Livros e dos dizeres de seus líderes?

E se eles respondessem: “Os Livros que estão nas mãos dessas pessoas, que chamam de Evangelho e atribuem a Jesus, o Filho de Maria, não foram revelados por Deus e não procederam das Manifestações de Seu próprio Ser” então, isso implicaria numa cessação da graça abundante que dEle procede, Ele que é a Fonte de toda a graça. Nesse caso, o testemunho de Deus para Suas criaturas teria permanecido incompleto e Seu favor provado ser imperfeito. Sua clemência não teria sido resplandecente, nem Sua graça sobrepujada a tudo. Pois, se com a ascensão de Jesus, Seu Livro tivesse igualmente ascendido ao céu, então como Deus iria reprovar e castigar as pessoas no Dia da Ressurreição, conforme foi escrito pelos Imames da e confirmado por seus ilustres sacerdotes?

Pondera, então, em teu coração: Sendo as coisas como agora tu testemunhas, e como Nós também testemunhamos, para onde poderás fugir e junto a quem encontrar refúgio? Em quem buscar direção? Em que terra habitar e em que recanto encontrar repouso? Que caminho trilhar e quando irás encontrar sossego? O que acontecerá a ti, finalmente? Onde firmar a corda de tua e estreitar os laços de tua obediência? Por Ele que se revela em Sua unicidade e cujo próprio Ser testemunho de Sua unidade! Se fosse acesa em teu coração a chama ardente do amor de Deus, não buscarias repouso ou tranqüilidade, nem riso ou sossego, mas apressar-te-ia para alcançar as mais elevadas alturas nos reinos da proximidade, da santidade e beleza divinas. Lamentarias, sentindo-se como uma alma despojada e chorarias com o coração cheio de saudade. Nem conseguirias regressar a teu lar e abrigo, a menos que Deus descortinasse Sua Causa diante de ti.

Ó tu que te elevaste ao reino da orientação e ascendeste aos páramos da virtude! Se desejas compreender estas citações celestiais, testemunhar os mistérios do conhecimento divino e familiarizar-se com Sua Palavra toda-abrangente, então compete a ti, ó eminência, investigar estas e outras questões pertinentes à tua origem, e o destino final daqueles a quem Deus fez serem a Fonte de Seu conhecimento, o Céu de Sua sabedoria e a Arca de Seus mistérios. Pois se não fossem por essas Luzes fulgurosas que brilham sobre o horizonte de Sua Essência, as pessoas não saberiam distinguir sua mão esquerda da direita, quanto menos poderem escalar tais alturas de suas realidades internas ou sondarem as profundezas de suas sutilezas. Pedimos a Deus, então, para nos imergir nesses mares encapelados, para nos agraciar com a presença dessas brisas vitalizadoras, e fazer com que possamos habitar nesses elevados e divinos retiros. Para que possamos nos privar de tudo aquilo que tiramos uns dos outros, e nos despirmos das vestes que, por empréstimo, subtraímos de nossos semelhantes, para que Ele possa nos adornar, entretanto, com a roupagem de Sua clemência e com o traje de Sua orientação, e admitir que entremos na cidade do conhecimento?

Quem quer que adentre esta cidade entenderá todas as ciências antes de sondar seus mistérios e adquirirá das folhas de suas árvores um conhecimento e uma sabedoria que envolvem tais mistérios do domínio divino que estão entesourados nos relicários da criação. Glorificado seja Deus, seu Criador e Moldador, que elevado está acima de tudo que criou e ordenou existir! Por Deus, o Protetor Soberano, o Auto-Subsistente, o Todo-Poderoso! Fosse Eu desvelar diante de teus olhos os portais desta cidade que foi formada pela mão direita de força e poder, tu contemplarias o que ninguém antes de ti jamais contemplou e testemunharias o que nenhuma outra alma até então testemunhou. Compreenderias os sinais e as referências mais obscuras, e verias claramente os mistérios do princípio no instante do fim. Todos os assuntos seriam a ti facilitados, e o fogo transformar-se-ia em luz, conhecimento e bênçãos, e tu habitarias em segurança na corte de santidade.

Despojado, porém, da essência dos mistérios de Sua sabedoria, que Nós te concedemos sob os véus destas abençoadas e inspiradoras palavras, tu falharias em alcançar até mesmo um respingo dos oceanos do conhecimento divino, ou dos fluxos cristalinos do poder divino, e teu nome seria inscrito entre os dos ignorantes no Livro Mater, através da Pena de unicidade e pelo Dedo de Deus. Nem serias capaz de entender uma única palavra do Livro ou uma única elocução do Reino de Deus concernente aos mistérios do princípio e do fim.

Ó tu, a quem exteriormente nunca encontramos, porém que apreciamos intimamente em Nosso coração! justo em teu julgamento e apresenta-te ante Aquele que te e que te conhece, mesmo que não O vejas ou conheças: pode alguma alma ser encontrada para elucidar estas palavras com tão convincentes argumentos, testemunhos claros e referências inconfundíveis que tranqüilizem o coração do investigador e tragam alívio à alma do ouvinte? Não, por Aquele em cuja mão está Minha alma! A ninguém é concedido beber uma gota sequer deste oceano, a não ser que entre nesta cidade, uma cidade cujas fundações estão assentadas em montanhas de cor rubi carmesim, cujas paredes são entalhadas com o crisólito da unidade divina, cujos portões são feitos de diamantes da imortalidade e cujo solo exala a fragrância da generosidade divina.

Tendo partilhado contigo, sob incontáveis véus que ocultam, certos mistérios entesourados, voltamos agora à Nossa elucidação sobre os Livros de antanho, para que por acaso teus pés não escorreguem e tu possas receber, com plena certeza, a porção que iremos te conceder dos agitados oceanos de vida, no reino dos nomes e atributos de Deus.

Está registrado em todos os Livros do Evangelho que Ele que é o Espírito falou em palavras de pura luz para Seus discípulos, dizendo: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão.” Claro e evidente como são a ti, ó eminência, estas palavras significam exteriormente que os Livros do Evangelho permanecerão nas mãos do povo até o fim do mundo, que suas leis não serão ab-rogadas, que seus testemunhos não serão abolidos, e que tudo o que foi concedido, prescrito ou ordenado nelas irá durar para sempre.

Ó Meu irmão! Santifica teu coração, ilumina tua alma, e aprimora tua visão para que possas perceber os doces chilreios dos Pássaros do Céu e as melodias das Pombas da Santidade que gorjeiam no Reino da eternidade, para que por acaso apreendas o significado interno destas elocuções e os mistérios nelas ocultos. Pois, caso contrário, fosses tu interpretar estas palavras de acordo com seu significado externo, jamais provarias a verdade da Causa dAquele que veio depois de Jesus, nem calarias seus oponentes ou convencerias os descrentes contendores. Pois os sacerdotes cristãos usam este verso para provar que o Evangelho nunca será ab-rogado e que, até mesmo se todos os sinais registrados em seus Livros fossem cumpridos e o Prometido aparecesse, Ele não teria outra opção senão guiar o povo de acordo com os mandamentos do Evangelho. Eles argumentam que se Ele fosse manifestar todos os sinais indicados nos Livros, mas determinasse algo além daquilo que Jesus havia decretado, eles não O reconheceriam nem O seguiriam, tão claro e patente é esta questão na visão deles.

Tu podes, realmente, ouvir do erudito e do néscio dentre as pessoas as mesmas objeções neste dia, dizendo: “O sol não nasce no Ocidente, nem o Pregoeiro clama entre a terra e os céus. A água não inundou determinadas terras; o Dajjál não apareceu; o Sufyání não se levantou; nem foi o Templo testemunhado sob o sol.” Eu ouvi, com Meus próprios ouvidos, um dos sacerdotes proclamar: “Se todos estes sinais ocorressem e o Qá’im muito esperado aparecesse, e se Ele ordenasse, com respeito até mesmo às nossas leis secundárias, algo além do que foi revelado no Alcorão, nós O acusaríamos seguramente de impostor, O condenaríamos à morte e recusaríamos para sempre reconhecê-Lo”, e outras declarações como estas que são feitas por aqueles que negam. E mais quando o Dia da Ressurreição foi revelado, e soou a Trombeta, e todos os habitantes da terra e dos céus foram reunidos, e a Balança foi estabelecida, a Ponte foi erguida, e os Versos foram enviados do alto, e o Sol brilhou, e as estrelas foram obliteradas, e as almas ressuscitadas, e o hálito do Espírito soprado, e os anjos reunidos em filas, e o Paraíso foi trazido para mais perto, e o Inferno incandesceu-se! Todas estas coisas aconteceram e ainda assim, neste dia, nenhuma dessas pessoas as reconheceram! Todas permanecem como mortas dentro de suas próprias mortalhas, salvo aquelas que acreditaram e se voltaram para Deus, que se regozijam neste dia em Seu paraíso celestial e que trilham o caminho de Seu beneplácito.

Ocultas como permanecem em si próprias, as pessoas, em sua maioria, não têm percebido as doces expressões de santidade, nem inalado a fragrância da clemência, ou buscado orientação, de acordo com a vontade de Deus, daqueles que são os custódios das Escrituras. Ele proclama, e Sua palavra, efetivamente, é a verdade: “Pergunta, então, àqueles que têm a custódia das Escrituras, se não o sabes.” Pelo contrário, eles os rejeitaram, seguindo, na verdade, o Sámiri de suas próprias vãs fantasias. Desta forma, afastaram-se para longe da clemência de seu Senhor, não alcançando a presença de Sua Beleza no dia de Seu aparecimento. Pois tão pronto Ele viera e se revelara com um sinal e um testemunho de Deus, as mesmas pessoas que estavam esperando o dia de Sua Revelação, que clamavam por Ele dia e noite, que haviam implorado para que Ele as reunisse a todos em Sua presença e lhes permitissem dar a vida em Seu caminho, fossem conduzidas corretamente por Sua orientação e iluminadas por Sua Luz estas mesmas pessoas O condenaram, O insultaram, e infligiram-Lhe tais crueldades, que transcendem tanto a Minha capacidade para contar como a tua para ouvir. Minha própria pena clama neste momento e a tinta chora de tristeza e lamenta. Por Deus! Fosses tu ouvir com teu ouvido interno, ouvirias, em verdade, as lamentações dos habitantes do céu; e fosses tu remover o véu diante de teus olhos, verias as Donzelas do Céu agoniadas, e as almas santas angustiadas, batendo em suas próprias faces e caindo ao chão.

Ai, ai do que aconteceu a Ele que era a Manifestação do próprio Deus, e por tudo aquilo que Ele e Seus amados tiveram de sofrer! O povo lhe infligiu o que nenhuma alma jamais infligira a outra pessoa, e o que nenhum infiel jamais tentou fazer contra um crente, ou tenha sofrido em suas mãos. Ai, ai! Aquele Ser imortal tendo de sentar-se sobre o escuro; o Espírito Santo lamentando-Se dos retiros de glória; os pilares do Trono esmigalhando-se no domínio das alturas; a alegria do mundo transformada em tristeza na terra carmesim; e a voz do Rouxinol silenciada no reino dourado. Ai daqueles, pelo que suas mãos forjaram e pelo que eles cometeram!

ouvidos, então, ao que o Pássaro do Céu sobre eles proferiu, em tons dos mais doces e maravilhosos, e em excelsas e perfeitas melodias uma expressão que os encherá de remorso desde agora até “o dia em que humanidade ficará de diante do Senhor dos mundos”: “Embora tivessem orado anteriormente por vitória sobre aqueles que não acreditavam, no entanto, quando chegaram diante dAquele a quem conheciam, nEle descreram. A maldição de Deus esteja sobre os infiéis!” Tal é, na verdade, a condição em que se encontram e o que realizam em sua vida e vazia. Em breve serão lançados no fogo da aflição, não encontrando ninguém que os possa ajudar ou socorrer.

Que tua visão não seja encoberta por nada que foi revelado no Alcorão, nem pelo que aprendeste dos escritos desses Sóis imaculados e Luas de majestade, com relação à deturpação dos Textos pelos fanáticos ou sua alteração pelos seus corruptores. Por estas declarações Me refiro à determinadas passagens claramente indicadas. Apesar de Minha fraqueza e pobreza, Eu seria certamente capaz, se assim o desejasse, de expor essas passagens a ti, ó eminência. Mas isso nos desviaria de nosso propósito e nos afastaria do caminho a percorrer. Seríamos imersos em alusões limitadas e desviaríamos a atenção daquilo que é amado na corte do Todo-Glorificado.

Ó tu que és mencionado neste pergaminho estendido, e quem, em meio à escuridão que agora prevalece, foi iluminado pelos esplendores do Monte sagrado no Sinai da Revelação divina! Limpa teu coração de todo sussurro blasfemo e insinuação maldosa que ouviste no passado, para que possas inalar, do José da fidelidade, os doces sabores de eternidade, ser admitido no Egito celestial, e perceber as fragrâncias de esclarecimento desta Epístola resplandecente e luminosa uma Epístola na qual a Pena inscreveu os antigos mistérios dos nomes de Seu Senhor, o Excelso, o Altíssimo. Quiçá sejas lembrado, nas santas Epístolas, dentre aqueles que estão confiantes.

Ó tu que estás diante de Meu trono e ainda assim permaneces inconsciente! Sabe que aquele que procura escalar as alturas dos mistérios divinos precisa esforçar-se por sua ao máximo de seu poder e capacidade, para que o caminho da orientação se torne claro para ele. E se encontrar Aquele que reivindica uma Causa que vem de Deus, e que tem de Seu Senhor um testemunho além daquele que o poder humano é capaz de produzir, precisa segui-Lo em tudo aquilo que Ele aprouver proclamar, determinar e ordenar; mesmo que Ele decretasse que o mar fosse terra, ou afirmasse que a terra fosse céu, ou que ela estivesse acima ou abaixo dele, ou ordenasse qualquer mudança ou transformação, pois Ele, na verdade, é conhecedor dos mistérios celestiais, das invisíveis sutilezas e dos mandamentos de Deus.

Fosse o povo de qualquer nação observar aquilo que tem sido mencionado, o assunto tornar-se-ia simples ao seu entendimento e tais palavras e alusões não os impediriam de alcançar o Oceano dos nomes e atributos de Deus. E tivesse o povo conhecido esta verdade, não teria negado os favores de Deus, nem teria se levantado contra Seus Profetas, nem Os combatido e rejeitado. Passagens semelhantes também serão encontradas no Alcorão, se o tema for examinado cuidadosamente.

Além disso, tu precisas saber que é através de tais palavras que Deus prova Seus servos e os seleciona, separando o crente do infiel, o abnegado do mundano, o piedoso do devasso, o que faz o bem do servidor da iniqüidade, e assim sucessivamente. Desta forma, o Pombo de santidade proclamou: “Pensam os homens que quando dizem ‘Nós acreditamos’ eles serão esquecidos, não sendo também postos à prova?”

Incumbe àquele que trilha o caminho de Deus e vagueia em Sua busca renunciar a todos os que se encontram nos céus e sobre a terra. Ele deve renunciar a tudo, exceto a Deus, para que, quiçá, os portais da clemência sejam abertos diante de sua face e as brisas da providência possam soprar sobre ele. E quando tiver inscrito sobre sua alma tudo o que Nós lhe concedemos da quinta-essência do significado e da explicação interior, ele compreenderá todos os segredos destas citações e Deus proverá uma tranqüilidade divina ao seu coração, tornando-o daqueles que estão em paz consigo mesmos. Da mesma forma, irás compreender o significado de todos os versos ambíguos que foram revelados com relação à pergunta que tu fizeste a este Servo, O que vive no desterro da degradação, O que caminha na terra como um exilado sem ninguém como amigo que O conforte, ajude, ou apóie, O que colocou toda a sua confiança em Deus e que proclama a toda hora: “Verdadeiramente, somos de Deus, e a Ele retornaremos.”

Deves saber, também, que as passagens que chamamos de “ambíguas”, aparecem como tal somente aos olhos daqueles que têm falhado em seus esforços em pairar nas alturas do horizonte da orientação e não alcançaram os píncaros do conhecimento nos retiros da graça. Pois, caso contrário, para aqueles que reconheceram os Repositórios da Revelação divina e contemplaram, por Sua inspiração, os mistérios da autoridade divina, todos os versos de Deus são perspícuos e todas as Suas citações são claras. Tais homens discernem os mistérios internos que foram adornados com palavras, de forma tão clara e evidente quanto o calor do sol ou a umidade da água não até mesmo com mais distinção. Imensuravelmente excelso é Deus, acima de nosso louvor por Seus amados, e além do louvor que a Ele todos possam prestar!

Agora que chegamos a este tema tão importante e alcançamos tais alturas através daquilo que fluiu desta Pena, pelos favores incomparáveis de Deus, o Excelso, o Mais Elevado, é Nosso desejo desvelar a ti determinados estágios na viagem do peregrino em direção ao seu Criador. Quiçá tudo aquilo que tu, ó eminência, desejas saber seja revelado, para que a prova seja completa e as bênçãos abundantes.

Sabe desta verdade o investigador deve, no começo de sua busca por Deus, entrar no Jardim da Busca. Nesta viagem, cabe ao peregrino desprender-se de tudo exceto de Deus e fechar os olhos a tudo aquilo que está nos céus e na terra. Não deve abrigar em seu coração nem ódio nem amor por qualquer alma, para que tal ódio ou amor não o impeça de atingir a habitação da Beleza celestial. Ele tem de santificar a alma dos véus da glória e abster-se de vangloriar-se das vaidades mundanas, do conhecimento externo, ou outros dons pessoais que Deus lhe tenha concedido. Deve buscar a verdade no máximo de sua habilidade e com máximo esforço, para que Deus o guie nos caminhos de Seus favores e de acordo com Sua clemência. Pois Ele, verdadeiramente, é Quem melhor pode ajudar Seus servos. Ele afirmou, e Ele, verdadeiramente, fala a verdade: “Aquele que se esforça por Nós, à Nossa maneira, o guiaremos seguramente.” E também: “Temei a Deus e Deus dar-vos-á conhecimento.”

Nesta jornada, aquele que busca testemunha uma miríade de mudanças e transformações, confluências e divergências. Ele contempla as maravilhas da Divindade nos mistérios da criação e descobre as veredas da orientação e os caminhos de Seu Senhor. Tal é o grau alcançado por aqueles que estão em busca de Deus e tais são as alturas atingidas pelos que se apressam em alcançá-Lo.

Após ter ascendido a este estágio, aquele que busca entrará na Cidade do Amor e do Êxtase, na qual os ventos do amor soprarão e as brisas do espírito bafejarão. Neste grau ele estará tão pleno dos êxtases do anelo e das fragrâncias do anseio que não discernirá sua esquerda da direita, nem a terra do mar, ou o deserto da montanha. A todo momento arde com o fogo do anelo e é consumido pela violenta separação deste mundo. Ele se apressa através do Paran do amor e atravessa o Horeb do êxtase. Ora ele ri, ora chora, aflito; ora repousa, em paz, ora treme, com medo. Nada o pode alarmar, nada poderá contrariar seu propósito, e nenhuma lei poderá restringi-lo. Estará sempre pronto para obedecer ao que for do agrado de Seu Senhor decretar como seu começo e seu fim. A cada suspiro ele entrega a vida e oferece sua alma. Abre o peito para receber os dardos do inimigo e levanta a cabeça para saudar a espada do destino; mais ainda, beija a mão do seu suposto assassino, rendendo-se por completo. Entrega-se de espírito, alma e corpo no caminho de seu Senhor, e ainda assim com o consentimento de seu Amado e não por seu próprio interesse e desejo. Tu o encontrarás tremendo de frio no fogo, e no mar o acharás seco, habitando em todas as terras e andando por todos os caminhos. Quem quer que nele toque, nesta condição, perceberá o calor de seu amor. Ele trilha as alturas do desapego e cruza o vale da renúncia. Seus olhos estão sempre atentos para testemunhar as maravilhas da clemência de Deus e ansiosos por ver os esplendores de Sua beleza. Realmente bem-aventurados são aqueles que atingiram tal condição, pois ela representa o grau dos amantes ardorosos e das almas arrebatadas.

E quando esta fase da viagem é completada e o peregrino ultrapassou esta elevada condição, ele entra na Cidade da Unidade Divina, e no jardim da unicidade e na corte da abnegação. Neste plano, aquele que busca deixa de lado todos os sinais, citações, véus, e palavras, e contempla todas as coisas com o olhar iluminado pelas luzes efulgentes que o próprio Deus fez brilhar sobre ele. Nesta viagem, todas as diferenças voltarem a ser uma única palavra, e todas as citações culminarem em um único ponto. A isto testemunho aquele que velejou na arca de fogo e seguiu o caminho mais profundo até o pináculo de glória no reino da imortalidade. “Conhecimento é um ponto que os ignorantes multiplicaram.” Este é o grau aludido na tradição: “Eu sou Ele, Ele próprio, e Ele sou Eu, Eu próprio, exceto que Eu sou O que sou e Ele é O que é.”

Neste estágio, fosse Ele, que é a incorporação do Fim, dizer: “Verdadeiramente, Eu sou o Ponto do Princípio”, Ele estaria falando a verdade. E fosse Ele dizer: “Eu sou diferente dEle” isto seria igualmente verdade. Da mesma forma, fosse Ele proclamar: “Verdadeiramente, Eu sou o Senhor do céu e da terra”, ou “o Rei dos reis”, ou “o Senhor do reino do alto”, ou Maomé, ou Alí, ou seus descendentes, ou o que quer que fosse, Ele, em verdade, estaria proclamando a verdade de Deus. Ele, verdadeiramente, tem o domínio sobre todas as coisas criadas e permanece supremo acima de todos além dEle próprio. Não ouviste o que foi dito no passado: “Maomé é nosso primeiro, Maomé é nosso último, Maomé é nosso tudo?” E em outro lugar: “Todos Eles procedem da mesma Luz?”

Nesta condição, a verdade da unidade de Deus e dos sinais de Sua santidade é estabelecida. Tu, em verdade, as verás surgindo do íntimo do poder de Deus e envolvidos nos braços de Sua clemência; nem poderá qualquer distinção ser feita entre o Seu íntimo e Seus braços. Falar de mudança ou transformação neste plano seria pura blasfêmia e impiedade absoluta, pois este é o grau em que brilha a luz da unidade divina e a verdade de Sua unicidade é expressada, e são refletidos os esplendores da Alvorada perpétua em espelhos elevados e fiéis. Por Deus! Fosse Eu revelar completamente tudo o que Ele ordenou para este grau, as almas dos homens abandonariam seus corpos, as realidades internas de todas as coisas seriam abaladas em suas bases, e aqueles que habitam nos reinos da criação ficariam estupefatos, e os que se movimentam nas terras das citações se desvaneceriam em um nada absoluto.

Não ouviste: “A criação de Deus é imutável?” Não leste: “Jamais acharás mudança na lei de Deus?” Não deste testemunho desta verdade: “Não acharás imperfeição alguma na criação do Deus de Clemência?” Sim, por Meu Senhor! Aqueles que habitam neste Oceano, os que caminham sobre esta Arca, não testemunham nenhuma mudança na criação de Deus e não vêem diferença alguma em Sua terra. E se a criação de Deus não é propensa à mudança e alteração, como então poderão eles que são as Manifestações de Seu próprio Ser estar sujeitos a isso? Imensuravelmente excelso é Deus, acima de tudo o que podemos conceber dos Reveladores de Sua Causa, e imensamente glorificado é Ele, além de tudo aquilo que possa ser mencionado a Seu respeito!

Grande Deus! Este mar, pérolas brilhantes guardou; O vento levantou uma onda que as lançou para a praia. Assim, tira tu tuas vestes e em suas águas submerge, E deixa de vangloriar-te de tua habilidade: ela não mais te serve!

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