Louvado e glorificado és Tu, Ó Senhor, meu Deus! Como posso fazer menção de Ti, certo que estou de que nenhuma língua, por mais profunda que seja sua sabedoria, pode magnificar de um modo digno o Teu Nome, nem a ave do coração humano, por grande que seja seu anelo, esperar jamais ascender ao céu de Tua majestade e de Teu conhecimento.
Se eu Te descrever, Ó meu Deus, como Aquele que a tudo percebe, vejo-me levado a admitir que Aqueles que são as mais altas personificações da percepção foram criados em virtude de Teu mando. E se Te elogiar como Aquele que é o Onisciente, sou forçado, outrossim, a reconhecer que os Mananciais da sabedoria foram, eles mesmos, gerados mediante a operação de Tua Vontade. E se eu Te proclamar o Incomparável, breve descubro que Aqueles que são a mais íntima essência da unidade foram enviados por Ti e são apenas evidências da obra de Tuas mãos. E, se Te aclamar como o Conhecedor de todas as coisas, devo confessar que Aqueles que são a Quinta-Essência do conhecimento são apenas a criação e os instrumentos de Teu Desígnio.
Elevado, imensuravelmente elevado, és Tu acima das tentativas do homem mortal para desvendar Teu mistério, descrever Tua glória ou até mesmo dar uma ligeira noção da natureza de Tua Essência. Por mais que essas tentativas realizem, não podem esperar jamais transcender os limites que foram impostos ás Tuas criaturas, desde que esses esforços são ativados pelo Teu decreto e gerados de Tua invenção. Os mais sublimes sentimentos que os mais santos dos santos podem expressar em louvor a Ti e a mais profunda sabedoria que os homens de maior erudição podem pronunciar em seus esforços por compreender a Tua natureza, giram todos ao redor daquele Centro que está inteiramente sujeito à Tua soberania, que adora a Tua beleza e se move através do movimento, de Tua Pena.
Não! Proíbe, Ó meu Deus, tenha eu pronunciado tais palavras que devam, forçosamente, ter implicado a existência de alguma relação direta entre a Pena de Tua Revelação e a essência de todas as coisas criadas. Longe, longe, acima do conceito de tal relação, estão Aqueles relacionados a Ti! Nenhuma comparação ou semelhança faz jus à Árvore de Tua Revelação, e é vedado todo caminho que leva à compreensão do Manifestante de Teu Próprio Ser e do Alvorecer de Tua Beleza.
Longe, longe esteja de Tua glória o que o homem mortal possa de Ti afirmar ou a Ti atribuir, ou o louvor com que ele Te possa glorificar! Qualquer dever que Tu tenhas prescrito aos Teus servos para elogiarem no máximo Tua majestade e glória, não passa de um sinal de Tua graça a eles, para que possam ascender à posição concedida ao seu ser mais íntimo, à posição em que conheçam a si próprios.
Ninguém, a não ser Tu, em qualquer tempo, tem podido sondar o Teu mistério, ou louvar dignamente a Tua grandeza. Inescrutável e sublime além dos elogios dos homens, haverás de permanecer para todo o sempre. Nenhum outro Deus a senão Tu, o Inatingível, o Onipotente, o Onisciente, o Santo dos Santos.
O princípio de todas as coisas é o conhecimento de Deus, e o fim de todas as coisas é a estrita conformidade com tudo o que tiver sido mandado do empíreo da Vontade Divina, a qual abrange tudo o que está nos céus e tudo o que está na terra.
A Revelação que, desde tempos imemoriais, é aclamada como o Desígnio e a Promessa de todos os Profetas de Deus e o mais acalentado Desejo de Seus Mensageiros, torna-se agora acessível aos homens, em virtude da predominante Vontade do Todo-Poderoso e a Seu mando irresistível. O advento de tal Revelação foi prenunciado em todas as Sagradas Escrituras. Vede como, não obstante esse prenúncio, a humanidade se desviou de seu caminho e se excluiu de sua glória.
Dizei: Ó vós que amais ao Deus Uno e Verdadeiro! Esforçai-vos para que possais, em verdade, aceitá-Lo e conhecê-Lo e de um modo digno Lhe observar os preceitos. Esta é uma Revelação sob a qual, se um homem derramar por sua causa uma só gota de sangue, miríades de oceanos serão sua recompensa, Atentai, ó amigos, a fim de que não percais vosso direito a tão inestimável benefício, nem desprezeis seu transcendente grau. Considerai a multidão de vidas que foi e ainda está sendo sacrificada em um mundo iludido por um simples fantasma oriundo das vãs idéias de seus povos. Agradecei a Deus por haverdes atingido o Desejo de vosso coração e vos unido a Ele, a Promessa de todas as nações. Guardai, com a ajuda do Deus Uno e Verdadeiro - exaltada seja Sua glória - a integridade da condição à qual atingistes e aderi àquilo que promova Sua Causa. Ele, em verdade, vos prescreve o que é direito e o que leva a enaltecer a condição do homem. Glorificado seja o Todo-Misericordioso, o Revelador desta maravilhosa Epístola.
Este é o Dia em que os mais excelentes favores de Deus manaram sobre os homens, o Dia em que Sua graça suprema se infundiu em todas as coisas criadas. Todos os povos do mundo devem reconciliar suas diferenças e, em paz e união perfeitas, se abrigar à sombra da Árvore de Seu cuidado e Sua benevolência. É mister aderirem a tudo o que, neste Dia, lhes possa elevar a condição e promover os melhores interesses. Felizes aqueles de quem a Pena toda gloriosa se dignou lembrar, e bem-aventurados os homens cujos nomes, em virtude de Nosso inescrutável decreto, preferimos ocultar.
Implorai a Deus, Uno e Verdadeiro, que conceda a todos os homens a graça de serem ajudados a cumprir o que for aceitável a Nosso ver. Breve será a presente ordem posta de lado, e uma nova se estenderá em seu lugar. Deveras, teu Senhor diz a Verdade e é o Conhecedor das coisas invisíveis.
Este é o Dia em que o Oceano da misericórdia de Deus se manifestou aos homens, o Dia em que o Sol de Sua bondade sobre eles irradiou seu esplendor, o Dia em que as nuvens de Sua plena graça abrigaram todo o gênero humano. Agora é o tempo de alegrar e refrescar o deprimido com a brisa revigorante do amor e da associação fraternal, com as águas viventes da amizade e da benevolência.
Os que são os bem-amados de Deus, onde quer que se reúnam e quaisquer que sejam aqueles com quem se encontrem, devem demonstrar, em sua atitude para com Deus e na maneira de celebrar Seu louvor e glória, tal humildade e submissão que cada átomo de pó sob seus pés ateste a profundidade de sua devoção. A conversação de que participam essas almas santas deve ser imbuída de tamanho poder que esses mesmos átomos de pó sejam estremecidos pela sua influência. Devem de tal modo se comportar que a terra em que pisam jamais tenha direito de lhes dirigir palavras como estas: “Devo ser preferida a vós. Pois podeis testemunhar quanto sou paciente em suportar o peso que o lavrador põe sobre mim. Sou o instrumento que a todos os seres concede, sem cessar, as bênçãos que me foram confiadas por Aquele que é a Fonte de todas as graças. Não obstante a honra que me foi concedida e as inumeráveis evidências de minha riqueza - riqueza esta que supre as necessidades de toda a criação - vede o grau de minha humildade, testemunhai com que submissão absoluta eu me deixo ser pisada sob os pés dos homens…”
Mostrai tolerância e benevolência e amor uns para com os outros. Se qualquer um dentre vós for incapaz de compreender uma certa verdade, ou estiver se esforçando por apreendê-la, mostrai um espírito de extrema gentileza e boa vontade ao conversar com ele. Ajudai-o a ver e reconhecer a verdade, não julgando que, no mínimo grau, lhe sejais superiores ou que possuais maiores dons.
O supremo dever do homem, neste Dia, é atingir seu quinhão da copiosa graça que Deus lhe dispensa. Que ninguém, pois, considere o tamanho do recipiente, quer seja grande ou pequeno. O quinhão de alguns poderia caber na palma da mão de um homem, o de outros poderia encher uma taça e o de outros até a medida de um galão.
Todos os olhos, neste Dia, devem procurar o que melhor possa promover a Causa de Deus. Ele, a Verdade Eterna, Me dá testemunho! Nada em absoluto, neste Dia, pode causar maior dano a esta Causa do que a dissensão e luta, contenda, alienação e apatia entre os amados de Deus. Evitai-as, através do poder de Deus e de Seu auxílio soberano, e esforçai-vos para unir os corações dos homens, em nome d’Ele, o Unificador, o Onisciente, a Suma Sabedoria.
Suplicai ao Deus Uno e Verdadeiro, que vos permita provar o sabor de tais ações que sejam realizadas em Seu caminho e experimentar a doçura de tal humildade e submissão que sejam mostradas por amor a Ele. Esquecei-vos de vós próprios e volvei os olhos para vosso semelhante. Devotai as energias àquilo que possa promover a educação dos homens. Nada é, nem pode ser jamais, ocultado de Deus. Se seguirdes Seu caminho, Suas bênçãos incalculáveis e imperecíveis manarão sobre vós. Esta é a Epístola luminosa, cujos versículos fluíram com o movimento da Pena d’Aquele que é o Senhor de todos os mundos. Ponderai isto em vossos corações e sede vós daqueles que observam seus preceitos.
Vede como os diversos povos e raças da terra têm esperado a vinda do Prometido. Mal se manifestara Aquele que é o Sol da Verdade, quando, eis que d’Ele todos se afastaram, exceto aqueles a quem Deus se dignou guiar. Não ousamos, neste Dia, levantar o véu que oculta a elevada posição que cada crente verdadeiro pode atingir, pois o júbilo que tal revelação haveria de causar, poderia bem fazer com que alguns desfalecessem e viessem a morrer.
Aquele que é o Coração e Centro do Bayán escreveu: “O germe que contém dentro de si as potencialidades da Revelação que há de vir está dotado de uma potência superior às forças combinadas de todos aqueles que Me seguem.” E ainda diz Ele “De todos os tributos que tenho prestado Àquele que há de vir depois de Mim, o maior é este: Minha confissão, por escrito, de que palavras Minhas não O podem descrever de um modo adequado, nem qualquer referência feita a Ele em Meu Livro, o Bayán, pode fazer jus à Sua Causa.”
Quem tiver tentado penetrar nas profundidades dos oceanos que jazem ocultos dentro destas palavras excelsas, e lhes sondar o significado, terá descoberto, podemos dizer, um vislumbre da indizível glória com a qual foi dotada esta poderosa, sublime e sacratíssima Revelação. Julgando pela excelência de tão grande Revelação, pode-se bem imaginar a honra da qual os seguidores fiéis haverão de ser investidos. Pela justiça do Deus Uno e Verdadeiro! O próprio alento dessas almas é em si mais rico do que todos os tesouros da terra. Feliz o homem que a isso tiver atingido, e infelizes os desatentos.
Em verdade digo, este é o Dia em que a humanidade pode contemplar a Face do Prometido e Lhe ouvir a Voz. O Chamado de Deus ergueu-se e a luz de Seu Semblante resplandeceu sobre os homens. É dever de cada um apagar da tábua de seu coração o traço de toda palavra vã e, com a mente aberta e imparcial, fixar os olhos nos sinais de Sua Revelação, nas provas de Sua Missão e nas evidências de Sua glória.
Grande, em verdade, é este Dia! As alusões que lhe são feitas em todas as Sagradas Escrituras como o Dia de Deus atestam sua grandeza. A alma de todo Profeta de Deus, de todo Mensageiro Divino, estava sequiosa de atingir este Dia maravilhoso. Todos os vários povos da terra também ansiaram por alcançá-lo. Mal, porém, o Sol de Sua Revelação se manifestara no céu da Vontade de Deus, quando todos, salvo aqueles a quem o Todo-Poderoso se dignou guiar, foram encontrados atônitos e negligentes.
Ó tu que te tens lembrado de Mim! O mais lastimável véu excluiu de Sua glória os povos da terra, impedindo que escutassem Seu chamado. Permita Deus que a luz da unidade envolva toda a terra e que se imprima na fronte de todos os seus povos o selo: “O Reino é de Deus.”
Pela Justiça de Deus! Estes são os dias em que Deus tem provado os corações da inteira companhia de Seus Mensageiros e Profetas e, além destes, aqueles que guardam Seu sagrado e inviolável Santuário, os habitantes do Pavilhão celestial e os que residem no Tabernáculo da Glória. A que provação severa, pois, devem ser sujeitados os que admitem companheiros para Deus!
Ó Husayn! Considera a ansiedade com que certos povos e nações aguardavam a volta do Imame-Husayn, cuja vinda, após o aparecimento do Qá’im, fora profetizada, em dias passados, pelos eleitos de Deus - exaltada seja Sua glória. Esses santos seres anunciaram, ainda mais, que, ao manifestar-se Aquele que é o Alvorecer das múltiplas graças de Deus, todos os Profetas e Mensageiros, inclusive o Qá’im, se reuniriam à sombra do sagrado Estandarte que o Prometido haveria de erguer. Já é chegada essa hora. O mundo está iluminado com a fúlgida glória de Seu semblante. E, no entanto, vede a que ponto seus povos se desviaram de Seu caminho! N’Ele ninguém acreditou, salvo aqueles que, através do poder do Senhor dos Nomes, demoliram os ídolos de suas idéias vãs e seus desejos corruptos e entraram na cidade da certeza. O selo do Vinho seleto de Sua Revelação foi tirado, neste Dia e em Seu Nome, o Suficiente por Si Próprio. Sua graça mana sobre os homens. Enche tua taça e dela sorve em Seu Nome, o Sacratíssimo, o Todo-Louvado.
O tempo predestinado para os povos e as raças da terra é chegado agora. As promessas de Deus, como as registram as Sagradas Escrituras, foram todas cumpridas. De Sião procedeu a Lei de Deus, e Jerusalém e suas colinas e sua terra estão plenas da glória de Sua Revelação. Feliz o homem que pondera no coração o que tem sido revelado nos Livros de Deus, o Amparo no Perigo, O que subsiste por Si Próprio. Meditai sobre isto, ó vós, amados de Deus, e tornai vossos ouvidos atentos à Sua Palavra, para que, pela Sua graça e mercê, possais sorver até vos saciardes, das águas cristalinas da constância, e vos tornar tão firmes e inabaláveis como a montanha em Sua Causa.
No Livro de Isaías está escrito: “Entra na pedra e esconde-te no pó, por medo do Senhor e pela glória de Sua majestade.” Homem algum que medita sobre este versículo pode deixar de reconhecer a grandeza desta Causa, ou duvidar do excelso caráter deste Dia - Dia do próprio Deus. Este mesmo versículo é seguido por estas palavras: “E somente o Senhor será exaltado naquele Dia.” Este é o Dia que a Pena do Altíssimo tem glorificado em todas as Sagradas Escrituras. Nestas, não ha versículo algum que não declare a glória de Seu Santo Nome, nem Livro que deixe de dar testemunho da sublimidade deste tema excelso. Fôssemos mencionar tudo o que se expôs sobre esta Revelação, nesses Livros celestiais e Sagradas Escrituras, esta Epístola assumiria dimensões impossíveis. Incumbe a todo homem, neste Dia, por sua inteira confiança nas múltiplas graças de Deus e se levantar para difundir, com a máxima sabedoria, as verdades de Sua Causa. Então, e somente então, será toda a terra cingida da luz matinal de Sua Revelação.
Toda glória a este Dia, o Dia em que as fragrâncias da misericórdia manaram sobre todas as coisas criadas, um Dia tão abençoado que os séculos passados, os tempos idos, não podem esperar jamais rivalizá-lo, Dia este em que o semblante do Ancião dos Dias se volveu para Seu assento sagrado. Então se fizeram ouvir as vozes de todas as coisas criadas e, além destas, as da Assembléia no alto, chamando em altas vozes: “Apressa-te, o Carmelo, pois eis que a luz do semblante de Deus, Aquele que rege o Reino dos Nomes e formou os céus, sobre ti se ergueu.”
Extasiado de júbilo e levantando altamente sua voz, assim exclamou: “Seja minha vida um sacrifício a Ti, por haver fixado sobre mim Teu olhar, me concedido Tuas graças e a mim dirigido Teus passos. A separação de Ti, ó Fonte da vida eterna, quase me consumiu, e meu afastamento de Tua Presença me conflagrou a alma. Todo louvor a Ti, por ter-me habilitado ti escutar Teu chamamento, me honrado com Tuas pegadas e me ressuscitado a alma através da fragrância revigorante de Teu Dia e da voz encantadora de Tua Pena, voz esta que ordenaste fosse Teu trombetear entre Teu povo. E ao soar a hora em que Tua Fé irresistível havia de se manifestar, insuflaste em Tua Pena um alento de Teu Espírito e eis, a criação inteira se agitou até seus próprios alicerces, desvendando à humanidade os mistérios que jaziam ocultos dentro dos tesouros d’Aquele que é o Possuidor de todas as coisas criadas.”
Assim que sua voz alcançara aquele Lugar excelso, Nós respondemos: “Rende graças ao Teu Senhor, ó Carmelo. O fogo de tua separação de Mim rapidamente te consumia, quando o oceano de Minha Presença surgiu ante tua face, alegrando teus olhos e os de toda a criação, enchendo de deleite todas as coisas visíveis e invisíveis. Regozija-se, pois neste Dia Deus estabeleceu sobre ti Seu trono, te fez o lugar do amanhecer de Seus sinais e a aurora das evidências de Sua Revelação. Bem-aventurado quem se move em volta de ti, proclama a revelação de tua glória e relata o que a bondade do Senhor teu Deus fez chover sobre ti. Toma tu o Cálice da Imortalidade em nome de teu Senhor, o Todo-Glorioso, e Lhe agradece por haver Ele, como sinal da graça a ti, transformado em alegria tua tristeza, e em júbilo extático, teu pesar. Ele, em verdade, ama o lugar que foi feito o assento de Seu trono, onde Seus pés pisaram, ao qual foi conferida a honra de Sua Presença, donde Ele ergueu Seu chamado e sobre o qual derramou Suas lágrimas.
“Chama Sião, ó Carmelo, e anuncia as novas jubilosas: Veio Aquele que estava oculto dos olhos mortais! Sua soberania predominante está manifesta; Seu esplendor que a tudo abarca, revela-se. Guarda-te, não hesites, nem pares. Apressa-te a circundar a Cidade de Deus que baixou do céu, a Kaaba celestial em volta da qual se moveram em adoração os favorecidos de Deus, os puros de coração e a companhia dos anjos excelsos. Oh, quanto eu anseio por anunciar a todo lugar na superfície da terra e por levar a cada uma de suas cidades, as boas novas desta Revelação - uma Revelação para a qual o coração do Sinai foi atraído e em cujo nome clama a Sarça Ardente: - A Deus, Senhor dos Senhores, pertencem os reinos da terra e do céu. - Em verdade, este é o Dia em que tanto o mar como a terra se regozijam por causa deste anúncio, o Dia para o qual foram guardadas aquelas coisas que Deus, por uma graça além da compreensão de qualquer mente ou coração mortal, destinou fossem reveladas. Em breve, Deus fará navegar sobre ti Sua Arca e tornará manifesto o povo de Bahá que foi mencionado no Livro dos Nomes.”
Santificado seja o Senhor de toda a humanidade, a menção de Cujo Nome fez vibrarem todos os átonos da terra e causou a revelação, pela Língua da Grandeza, daquilo que estivera envolto em Seu conhecimento e jazia oculto dentro do tesouro de Seu poder. Ele, em verdade, através da potência de Seu Nome, o Poderoso, o Onipotente, o Altíssimo, rege tudo o que se acha nos céus e tudo o que se acha na terra.
Despertai, ó povo, na expectativa dos dias da Justiça Divina, pois agora é chegada a hora prometida. Acautelai-vos para que não deixeis de apreender sua significação, nem sejais contados entre aqueles que erram.
Considerai o passado. Que grande número de homens, tanto de alta como de baixa condição, em todos os tempos, tem esperado ansiosamente a vinda dos Manifestantes de Deus nas pessoas santificadas de Seus Eleitos. Quantas vezes têm eles aguardado Seu advento, quantas vezes têm orado para que a brisa da Divina Misericórdia soprasse e a prometida Beleza surgisse detrás do véu da ocultação e se tornasse manifesta ao mundo inteiro. E sempre que se abriam os portais da graça, sempre que as nuvens da bondade divina dispensavam suas chuvas à humanidade, e a luz do Invisível brilhava sobre o horizonte do poder celestial, todos O negavam e se afastavam de Seu Semblante - o Semblante do próprio Deus…
Refleti: qual teria sido o motivo de tais atos? Que teria causado tal conduta para com os Reveladores da beleza do Todo-Glorioso? Qualquer coisa, que em tempos idos tivesse motivado a negação e oposição daqueles povos, concorre agora para a perversidade do povo desta era. Alegar haver sido incompleto o testemunho da Providência, tendo sido isto a causa da negação por parte do povo, nada mais é que blasfêmia patente. Quanto estaria longe da graça do Todo-Poderoso, de Sua amorosa providência e terna compaixão, escolher dentre todos os homens uma alma para guiar Suas criaturas e, por um lado, lhe negar a plena medida de Seu testemunho divino e, por outro, infligir severo castigo a Seu povo por se haver afastado de Seu Escolhido! Não, em todos os tempos, as múltiplas graças do Senhor de todos os seres têm envolvido a terra e a todos os que nela habitam, através dos Manifestantes de Sua Essência Divina. Nem por um momento sequer, negou Ele a Sua graça; jamais as chuvas de Sua benevolência cessaram de cair sobre a humanidade. Tal conduta, pois, não pode ser atribuída senão à mesquinhez dessas almas que caminham no vale da arrogância e do orgulho e se perdem nas selvas do afastamento, guiando-se por sua própria vã fantasia e seguindo os ditames dos dirigentes de sua Fé. Seu interesse principal é apenas a oposição; seu desejo único, desprezar a verdade. Para todo aquele que observe com discriminação, é claro e evidente que, se essas pessoas no tempo de cada um dos Manifestantes do Sol da Verdade tivessem santificado seus olhos, ouvidos e corações de tudo o que haviam visto, ouvido e sentido, não teriam sido privadas, certamente, de contemplar a beleza de Deus, nem se teriam desviado para longe das moradas da glória. Havendo, porém, pesado o testemunho de Deus segundo o padrão de seu próprio conhecimento, colhido dos ensinamentos dos dirigentes de sua Fé, e tendo verificado que estava em desacordo com a limitada interpretação destes, assim, pois, essas pessoas levantaram-se para cometer tais atos indignos…
Considerai Moisés! Armado com a vara do domínio celestial e adornado com a nívea mão do conhecimento Divino, procedendo do Párán do amor de Deus e manejando a serpente do poder e da majestade eterna, Ele, do Sinai da luz, brilhou sobre o mundo. Convocou todos os povos e raças da terra para o reino da eternidade; convidou-os a participarem dos frutos da Árvore da fidelidade. Sabeis, certamente, da violenta oposição feita pelo Faraó e seu povo, e das pedras da vã fantasia atiradas pelas mãos dos infiéis sobre essa abençoada Árvore. A tal ponto, que o Faraó e seu povo finalmente se levantaram e fizeram o máximo esforço para extinguir, com as águas da falsidade e negação, o fogo dessa Árvore sagrada, esquecidos do fato de que nenhuma água terrena pode apagar a chama da sabedoria Divina, nem ventos mortais extinguir a lâmpada do domínio eterno. Não, antes, essa água só poderá intensificar o ardor da chama e tais ventos nada farão senão assegurar a preservação da lâmpada - se apenas observásseis com olhos que discernem e andásseis no caminho da Santa Vontade de Deus e de Seu agrado…
E assim que os dias de Moisés findarem e a luz de Jesus, irradiando da Aurora do Espírito, abrangeu o mundo, todo o povo de Israel levantou-se em protesto contra Ele, clamando que Aquele cujo advento a Bíblia predissera haveria forçosamente de promover e cumprir as leis de Moisés, enquanto este jovem nazareno que tinha a pretensão de ser o divino Messias, anulara a lei do divórcio e a do sábado - as mais importantes de todas as leis de Moisés. Além disso, que dizer dos sinais do Manifestante ainda por vir? O povo de Israel, até mesmo no tempo presente, espera aquele Manifestante predito na Bíblia! Quantos Manifestantes da Santidade, quantos Reveladores da Luz eterna, têm aparecido desde os tempos de Moisés, enquanto Israel, envolto nos mais densos véus da fantasia satânica e das falsas idéias, ainda espera que o ídolo de sua própria inventiva apareça com os sinais criados por sua imaginação! Assim Deus o castigou pelos pecados, extinguindo-lhe o espírito da fé e atormentando-o com as chamas do fogo infernal. E isso não por outra causa senão porque Israel recusara compreender o significado das palavras reveladas na Bíblia relativas aos sinais da Revelação vindoura. Por jamais haver compreendido o verdadeiro significado, e vendo que tais acontecimentos, aparentemente, não se realizaram, esse povo privou-se da graça de reconhecer a beleza de Jesus e contemplar a Face de Deus. E ainda aguarda Sua vinda! Desde tempos imemoriais, até mesmo o dia de hoje, todas as raças e nações da terra apegam-se a tais pensamentos imaginários e indignos, privando-se assim das águas límpidas que manam das fontes da pureza e santidade…
Para os dotados de compreensão, está claro e manifesto que, quando o fogo do amor de Jesus consumiu os véus das limitações judaicas e Sua autoridade se tornou evidente e foi, em parte, obedecida, Ele, o Revelador da Beleza invisível, dirigindo-se um dia aos discípulos, fez referência ao Seu trespasse e, acendendo-lhes no coração a chama do pesar, disse: “Vou embora e venho outra vez a vós.” E em outro lugar disse: “Vou e outro virá que vos há de dizer tudo o que Eu não vos disse e cumprirá tudo o que Eu disse.” As duas declarações têm um só significado - se meditardes com percepção Divina sobre os Manifestantes da Unidade de Deus.
Quem examinar com discernimento, haverá de reconhecer que tanto o Livro como a Causa de Jesus foram confirmados na Era do Alcorão. Quanto aos nomes, o próprio Maomé declarou: “Eu sou Jesus.” Ele reconheceu a verdade dos sinais, das profecias e palavras de Jesus, e testificou serem todos de Deus. Neste sentido, nem a pessoa de Jesus nem Seus escritos diferiram da pessoa de Maomé e de Seu Sagrado Livro, visto que ambos defenderam a Causa de Deus, louvaram-No e revelaram Seus mandamentos. Assim é que o próprio Jesus declarou: “Vou embora e venho outra vez a vós.” Considerai o sol. Se dissesse agora, “Sou o sol de ontem”, diria a verdade; e se, levando em conta a seqüência do tempo, pretendesse ser outro sol, estaria ainda dizendo a verdade. De modo semelhante, se dissermos que todos os dias são o mesmo, isso será certo e verdadeiro; e se, referindo-nos a seus nomes e designações especiais, dissermos que diferem, isso também será verdade. Pois embora sejam iguais, reconhecemos em cada, no entanto, uma designação distinta, um atributo específico, um caráter particular. Deves conceber, outrossim, a distinção, a variação e ao mesmo tempo, a unidade, que caracterizam os vários Manifestantes da Santidade, a fim de que possas compreender as alusões que o Criador de todos os nomes e atributos faz aos mistérios da distinção e da unidade, e descobrir a resposta à tua pergunta sobre a razão por que a Beleza Eterna, em várias épocas, Se tem chamado por nomes e títulos diversos…
Quando a Essência Invisível, Eterna, Divina fez levantar-se sobre o horizonte do conhecimento o Sol de Maomé, figurou entre os sofismas que os sacerdotes judeus pronunciaram contra Ele, o seguinte: que após Moisés nenhum Profeta seria mandado por Deus. Na realidade, as Escrituras mencionaram uma Alma que se haveria de manifestar, que serviria a Fé e promoveria os interesses do povo de Moisés, para que a Lei da Era Mosaica pudesse cingir toda a terra. Assim o Rei da glória eterna se referiu, em Seu Livro, às palavras pronunciadas por aqueles que vagueavam no vale do afastamento e do erro: “Dizem os judeus - A mão de Deus está encadeada. - Encadeadas sejam suas próprias mãos! E por causa daquilo que disseram, foram amaldiçoados. Não, estendidas estão ambas as Suas mãos!” “A mão de Deus está acima de suas mãos.” Embora os comentadores do Alcorão tenham relatado de maneiras diversas as circunstâncias que acompanharam a revelação deste versículo, deves esforçar-te, no entanto, por compreender seu intuito. Diz Ele: Como é falso aquilo que os judeus têm imaginado! Como pode a mão d’Aquele que, em verdade, é o Rei, que fez manifestar-se o semblante de Moisés e Lhe conferiu o manto de Profeta - como pode estar encadeada e agrilhoada a mão desse Ser? Como seria concebível que a Ele faltasse o poder de fazer surgir ainda outro Mensageiro após Moisés? Vê como é absurdo o que dizem; quanto sua afirmação se desviou do caminho do conhecimento e da compreensão! Observa tu como neste Dia, também, todas essas pessoas se têm ocupado com coisas igualmente tolas e absurdas. Há mais de mil anos recitam esse versículo e pronunciam sua censura contra os judeus, completamente inconscientes de que elas mesmas, de um modo aberto, bem como secreto, estão expressando os sentimentos e as crenças do povo judaico! Deves certamente conhecer seu vão argumento de que toda a Revelação terminou, tendo-se fechado os portais da misericórdia Divina, que jamais um Sol surgirá de um alvorecer da santidade eterna, que para sempre o Oceano da perene generosidade se aquietou e os Mensageiros de Deus cessaram de se manifestar do Tabernáculo da glória antiga. Tal é o grau de entendimento dessas pessoas desprezíveis, de mentalidade estreita. Essas pessoas têm imaginado que o fluxo da onipresente graça de Deus e de Seus copiosos favores, cuja cessação mente alguma pode considerar, tenha parado. De todos os lados se têm levantado, cingindo-se de tirania e se esforçando o mais possível para extinguir, com as águas amargas de sua vã fantasia, a chama da Sarça Ardente de Deus, esquecidos de que o globo do poder, dentro de sua própria forte cidadela, protegerá a Lâmpada de Deus.
Vede como a soberania de Maomé, o Mensageiro de Deus, está hoje evidente e manifesta entre o povo. Bem sabeis o que aconteceu à Sua Fé nos primeiros dias de Sua Era. Que sofrimentos lastimáveis foram infligidos pela mão dos infiéis e dos que erraram - pelos sacerdotes daquele tempo e seus associados - sobre essa Essência espiritual, esse puríssimo e santo Ser! Quão abundantes os espinhos que Lhe espargiram no caminho! Evidentemente, aquela geração vil, em sua fantasia perversa e satânica, pensava que toda ofensa a esse Ser imortal fosse um meio de atingir a felicidade perene, desde que os reconhecidos sacerdotes, da época, tais como ‘Abdu’lláh-i-Ubayy, Abú’Ámir, o eremita, Ka’b-ibn-i-Ashraf e Nadr-ibn-i-Hárith, todos, O trataram como sendo impostor e O pronunciaram um lunático e caluniador. Fizeram contra Ele tão penosas acusações que, ao querermos relatá-las, Deus proíbe que a tinta corra, que Nossa pena se mova ou a página as comporte. Tais imputações maliciosas provocaram o povo a levantar-se e atormentá-Lo. E quão feroz esse tormento, se os sacerdotes do tempo forem os principais instigadores, se eles O denunciarem a seus adeptos, O expulsarem de seu meio e O declararem um ímpio! O mesmo não aconteceu a este Servo e não foi por todos testemunhado?
Por esta razão Maomé exclamou: “Nenhum Profeta de Deus sofreu tanta injúria quanto Eu tenho sofrido.” E o Alcorão relata todas as calúnias e repreensões pronunciadas contra Ele, bem como todas as aflições que, sofreu. Procurai este Livro, a fim de que vos possais talvez informar daquilo que sobreveio à Sua Revelação. Tão aflitiva era Sua situação que, por algum tempo, todos deixaram de ter contato com Ele e com Seus companheiros. Quem a Ele se associava, caía vítima da implacável crueldade de Seus inimigos…
Considerai que grande transformação se vê hoje! Vede quantos são os soberanos que se ajoelham ante Seu Nome! E quão numerosas as nações e os reinos que têm buscado abrigo à Sua sombra, que prestam lealdade à Sua Fé e se orgulham disso! Do alto do púlpito ascendem hoje as palavras de louvor proferidas com toda humildade para Lhe glorificar o Nome abençoado e das alturas dos minaretes ressoa o chamado que convoca a assembléia de Seu povo a adorá-Lo. Até aqueles reis da terra que recusaram abraçar Sua Fé e despir as vestes da descrença confessam e admitem, no entanto, a grandeza e a inexcedível majestade desse Sol de benevolência. Tal é Sua soberania terrena, cujas evidências tu vês por todos os lados. Essa soberania há forçosamente de ser revelada e estabelecida, quer seja durante a vida de cada Manifestante, ou depois de Sua ascensão à Sua verdadeira morada nos domínios do alto…
Evidentemente, as modificações efetivadas em cada Era constituem as nuvens negras que intervêm entre os olhos do entendimento humano e o Luminar Divino que irradia do alvorecer da Essência Divina. Considerai como os homens, através das gerações, vêm imitando cegamente seus pais e sendo ensinados de acordo com os costumes e as normas que os ditames de sua Fé estabeleceram. Fossem esses homens, pois, descobrir de súbito que um Homem que vivia entre eles e lhes era igual no que diz respeito a todas as limitações humanas, se levantara com o fito de abolir todos os princípios impostos pela sua Fé - princípios segundo os quais eles desde séculos haviam sido educados, tendo-se habituado a considerar como infiel, corrupto e perverso, qualquer um que os negasse ou lhes fizesse oposição - ficariam velados, certamente, e impedidos de Lhe admitir a verdade. Tais coisas são como “nuvens” que velam os olhos daqueles cujo ser interior não tenha saboreado o Salsabil do desprendimento, nem sorvido do Kawthar do conhecimento de Deus. Esses homens, ao saberem dessas circunstâncias, ficam tão velados que, sem a menor dúvida, pronunciam o Manifestante de Deus um infiel e O sentenciam a morte. Deveis ter sabido de acontecimentos semelhantes através dos séculos, e agora, nestes dias, os estais observando.
Cumpre-nos, portanto, fazer o máximo esforço para que, graças ao invisível amparo de Deus, esses véus obscuros, essas nuvens que são provações mandadas pelo céu, não nos possam impedir de contemplar a beleza de Seu luminoso Semblante, e para que nós O possamos reconhecer somente por Ele próprio.