As Palavras Ocultas I, II
Category: Bahá’í
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As Palavras Ocultas

Entre os Escritos de Bahá’u’lláh, o livro As Palavras Ocultas se destaca por ser um poderoso guia ético e moral para a vida diária. São 153 conselhos de perfeição onde Bahá’u’lláh lega à humanidade uma receita infalível para salvaguardar seu bem-estar e felicidade.

Reveladas no ano de 1858, estas “joias de expressão” vieram por inspiração a Bahá’u’lláh enquanto Ele andava pelas margens do rio Tigre absorto em meditação. Devemos identificar esta obra com o Livro Oculto de Fátima, o qual, segundo se acredita, o Anjo Gabriel revelou por intermédio do Imame ‘Alí para consolar a filha angustiada de Muhammad após a morte do Profeta, mas que permaneceu oculto do conhecimento do mundo até ser agora divulgado.

Esta obra apresenta, em forma sucinta, a soma e o sentido intrínseco de todas as Revelações do passado. Justamente como os Mensageiros e Profetas, inclusive o Qá’im, estão todos reunidos– segundo a profecia– à sombra do sagrado estandarte que o Prometido ergueu, assim também se reúnem, sob este estandarte, os Ensinamentos de todos Eles, em sua essência. As Palavras Ocultas não é um compêndio, nem uma exposição metódica. É uma nova criação. Foi obtida por destilação das Sagradas Fragrâncias. É um foco em que todas as Grandes Luzes do passado se unem numa só Luz, e todos os Ontens de Deus se tornam Hoje.

É-nos apresentada como uma única força espiritual, imbuída da presença de todos os Monarcas Espirituais do passado– ativa, urgente, expansiva, e que penetrou agora no fundo do coração da vida humana a fim de efetuar a destinada regeneração do homem.

O livro consta de duas partes, havendo sido a primeira escrita originariamente em árabe, e a segunda, em persa. O leitor percebe que, embora o tema e o modo de dispor o material sejam iguais nas duas seções, há outras distinções, no entanto, além da diferença de idioma. A parte árabe é mais curta do que a persa, tendo 71 versos, enquanto a persa tem 82 versos, e a árabe é mais simples, direta, bem definida, ética, enquanto a parte persa é mais pessoal, comovente, mística, poética. O modo de apresentação, o tom do Autor, é diferente nas duas partes: o escritor na parte árabe é um instrutor amoroso; o na parte persa, um amante da humanidade a quem instrui.

No homem, até agora, o princípio do mal tem prevalecido sobre o bem, e a tal ponto que Bahá’u’lláh, avistando o Ciclo Profético que agora termina, vê o homem, por sua própria escolha e ação, empobrecido e aviltado, ocupado com suas próprias fantasias e imaginações fúteis, desconfiando e se rebelando contra Deus, assim destruindo sua esperança, escolhendo vergonha ilimitada, amarrando-se com os grilhões deste mundo e na prisão do eu, trocando o Paraíso pelo monte de pó que é o mundo mortal.

Em todo o livro, é mostrado o sutil poder destrutivo do eu inferior, sendo o homem advertido da necessidade de lutar, incessante e incondicionalmente, contra esse poder em todas as suas formas. Volta-te de ti mesmo– é a exortação; não há paz para ti, salvo em tua renúncia a ti mesmo; cumpre-te pôr a tua confiança em Mim e não em ti próprio. Volve tua face para a Minha e renuncia a tudo, menos a Mim. Esquece-te de tudo, salvo de Mim.

Quem desejar ter Deus– assegura o livro– a nenhum outro deverá buscar; quem quiser contemplar a beleza de Deus, deverá ser cego para tudo no mundo. A vontade de Deus e a de um outro não podem habitar no mesmo coração. Ninguém poderá comungar com Deus, enquanto seu coração estiver contaminado com desejos e paixão. Se o homem almeja sorver o vinho da vida imortal da fonte do desprendimento, deve purificar-se da contaminação da riqueza. Para que a semente da sabedoria divina possa brotar e crescer, o solo do coração no qual for plantada deve ser puro, e a semente deve ser umedecida com as águas da certeza. O homem é advertido de que, se são sem precedentes as recompensas a serem ganhas por aqueles verdadeiramente fiéis nesta Era da Justiça, as normas pelas quais sua fé é julgada são também mais elevadas; e o crente é exortado a esforçar-se para que seus atos sejam purificados do pó do eu e da hipocrisia e assim encontrem aprovação na Corte da Glória, desde que os Avaliadores da humanidade, agora, na santa presença do Adorado, nada aceitam senão virtude absoluta e atos de imaculada pureza.

Subjugar esse ego, desprender-se dos desejos egoístas, é realmente a tarefa com a qual a alma aspirante se defronta. Ao concluir esta obra ética, Bahá’u’lláh faz aos fiéis este desafio final: Que seja visto agora o que vossos esforços no caminho do desprendimento revelarão.

O Criador deixou na constituição do homem essa imperfeição, dando-lhe livre arbítrio para que a combatesse e, através de seu próprio esforço, se tornasse digno de estar em Minha Presença (na de Deus) e de espelhar Minha Beleza. Não fosse o ego, o homem não poderia ganhar elogios e recompensas; poderia ser-lhe poupada a experimentação, a provação, mas ele seria apenas um autômato. Esta necessidade de esforço, este privilégio do livre arbítrio, pode fazer deste planeta um lugar de tormento, mas torna a vida terrena um campo de possível vitória, uma arena onde o progresso moral é realmente a própria ação do homem, sendo conseguido sob a benéfica lei da justiça e em virtude de seu próprio conhecimento, sua própria determinação e atividade. No mundo vindouro, esta oportunidade de atingir merecimento não será dada.

O homem, para seu adiantamento no além, não dependerá do esforço próprio e da justiça, mas, sim, da misericórdia de Deus. Bahá’u’lláh aconselha o homem, portanto, a que tome a oportunidade aqui e agora, pois não mais lhe virá. Os fogos do inferno– explica outra obra– são a compreensão de que oportunidades de inestimável valor foram jogadas fora, estando agora perdidas para sempre. A obra As Palavras Ocultas salienta-se como sinal da vitória de Deus, do cumprimento de Seu antigo desígnio para a humanidade. Nunca fora dado ao homem, nem poderia ter-lhe sido dado um livro tão radiante de luz intensa. Contém a soma total de todas as Revelações, as quais agora se aproximam de sua consumação, renovadas em poder e levadas à perfeição da unidade, pelas palavras culminantes de Bahá’u’lláh. É a insígnia da unidade de todos os Profetas do Oriente e do Ocidente, desde o princípio até agora– a Insígnia daquela Fé Universal sobre a qual há de ser edificada a Suprema Paz. George Townshend

Bahá’u’LLáh (1817-1892) Fundador Da Fé Bahá’í

Bahá’u’lláh nasceu na Pérsia (Irã) em 1817. Filho de um Ministro do Estado, de família nobre, ainda jovem rejeitou uma vida de riquezas e honrarias mundanas para seguir os ensinamentos de um jovem Profeta, conhecido como o Báb [a Porta], conterrâneo Seu, seguindo-se uma vida de prisões e exílios, por quarenta anos, a partir de 1852. Mais tarde, em 1863, Ele próprio revelou ser o Mensageiro Divino anunciado pelo Báb, para cumprir uma missão de renovação da fé na espécie humana e para abrir caminho para um novo estágio na história da humanidade, de unidade e fraternidade, de paz e progresso, a era da maturidade humana e da plena revelação de todo o seu potencial divino. Bahá’u’lláh faleceu em 1892, em ‘Akká, Israel, havendo hoje milhões de Seus seguidores em todas as partes do mundo. Segundo a Enciclopédia Britânica, a Fé Bahá’í é a segunda religião mais difundida no mundo.

As Palavras Ocultas

Parteidoárabe

Ele É a Glória Das Glórias

Eis o que desceu do reino da glória, proferido pela língua de poder e grandeza e revelado aos Profetas de antanho. Nós lhe tiramos a quintessência e a revestimos com a roupagem da brevidade, em sinal de graça aos justos, a fim de que se mantenham fiéis ao Convênio de Deus, cumpram em suas vidas aquilo de que Ele os incumbiu e, no reino do espírito, obtenham a joia da virtude divina.

Ó Filho Do Espírito!

Meu primeiro conselho é este: possui um coração puro, bondoso e radiante, para que seja tua uma soberania antiga, imperecível e eterna.

Ó Filho Do Espírito!

A mais amada de todas as coisas, a Meu ver, é a Justiça; não te desvies dela, se é que Me desejas, nem a descures, para que Eu em ti possa confiar. Nela te apoiando, verás com teus próprios olhos e não com os alheios; saberás pela tua própria compreensão e não pela compreensão de teu semelhante. Pondera isto em teu coração: como te incumbe ser. Em verdade, a justiça é Minha dádiva a ti e o sinal de Minha misericórdia. Guarda-a, pois, ante os teus olhos.

Ó Filho Do Homem!

Velado em Meu Ser imemorial e na eternidade antiga de Minha Essência, conheci Meu amor por ti e assim te criei, gravando em ti Minha imagem e revelando-te Minha beleza.

Ó Filho Do Homem!

Amei tua criação, por isso te criei. Ama-Me, pois, para que Eu possa mencionar teu nome, e te inundar a alma com o espírito da vida.

Ó Filho Do Ser!

Ama-Me, a fim de que Eu te possa amar. Se não Me amas, de modo algum pode o Meu amor te atingir. Sabe isto, ó servo!

Ó Filho Do Ser!

Teu Paraíso é o Meu amor; teu lar celestial, a reunião Comigo. Entra nele e não tardes. Isso é o que te foi destinado em Nosso reino nas alturas e em Nosso excelso domínio.

Ó Filho Do Homem!

Se Me amas, afasta-te de ti mesmo; e se buscas Meu prazer, não consideres o teu próprio; para que tu morras em Mim e Eu possa viver eternamente em ti.

Ó Filho Do Espírito!

Nenhuma paz te é destinada, a não ser que renuncies a ti mesmo e te voltes para Mim; porque deves ufanar-te de Meu Nome e não do teu, em Mim pôr tua confiança, e não em ti próprio; pois desejo ser amado Eu só e acima de tudo o que existe.

Ó Filho Do Ser!

Meu amor é Minha fortaleza; quem nela entra está salvo e seguro e quem dela se afasta por certo se desviará e haverá de perecer.

Ó Filho Da Elocução!

Tu és Minha fortaleza; nela entra, para que ali possas habitar em segurança. Meu amor está em ti; conhece-o, a fim de que Me possas encontrar próximo de ti.

Ó Filho Do Ser!

Tu és Minha lâmpada, e Minha luz está em ti. Que obtenhas dela o teu resplendor e não busques outro senão a Mim. Pois Eu te criei rico e generosamente derramei sobre ti as Minhas graças.

Ó Filho Do Ser!

Com as mãos do poder, Eu te fiz; com os dedos da potência, Eu te criei; e dentro de ti coloquei a essência de Minha luz. Que estejas contente com isso e nada mais busques, pois é perfeita Minha obra e inexorável Meu mandamento. Não questiones, nem alimentes dúvida sobre isto.

Ó Filho Do Espírito!

Eu te criei rico; por que te empobreces? Nobre te fiz; com o que te rebaixas? Da essência do conhecimento, Eu te concedi a existência; por que buscas iluminação de outro, senão de Mim? Da argila do amor, te moldei; como é que te ocupas com outro? Volta teus olhos a ti mesmo, a fim de que, dentro de ti, Me possas encontrar, forte, poderoso, O que subsiste por Si próprio.

Ó Filho Do Homem!

Tu és Meu domínio, e Meu domínio não perece; por que temes perecer? És Minha luz, e Minha luz jamais se extinguirá; por que receias extinção? És Minha glória, e Minha glória não se esvaece; és Minha vestimenta, e Minha vestimenta jamais se desgastará. Permanece firme, pois, em teu amor por Mim, a fim de que Me possas encontrar no reino de glória.

Ó Filho Da Elocução!

Volve tua face à Minha e renuncia a tudo salvo a Mim, pois Minha soberania perdura e Meu domínio não perece. Se buscares outro que não seja Eu, sim!, ainda que procures eternamente no universo, tua busca será em vão.

Ó Filho Da Luz!

Esquece-te de tudo, menos de Mim, e comunga com Meu espírito. Eis a essência de Meu mandamento; volve-te, pois, a isso.

Ó Filho Do Homem!

Contenta-te Comigo e não busques outro para teu amparo, pois ninguém, senão Eu, jamais te há de satisfazer.

Ó Filho Do Espírito!

Não Me peças o que Nós não te desejamos; que estejas contente com aquilo que ordenamos por amor a ti, pois é o que te será proveitoso, se com isto te contentares.

Ó Filho Da Visão Maravilhosa!

Insuflei em ti um sopro de Meu próprio Espírito, a fim de que Me pudesses amar. Por que Me abandonaste e quiseste outro, que não Eu, como teu bem-amado?

Ó Filho Do Espírito!

Grande é Meu direito sobre ti; não pode ser esquecido. Plena é a graça que te dispenso; não pode ser velada. Meu amor fez em ti seu lar; não pode ser oculto. Minha luz te está manifesta; jamais se obscurecerá.

Ó Filho Do Homem!

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