Em nome do Soberano Supremo de tudo o que foi e de tudo o que será
O primeiro dever prescrito por Deus a Seus servos é o reconhecimento dAquele queé o Alvorecer de Sua Revelação e a Fonte de Suas leis, Aquele que representa a Deidade tanto no Reino de Sua Causa como no mundo da criação. Quem cumpre esse dever atinge todo o bem, e quem dele se priva conta-se entre os extraviados, mesmo que seja o autor de todos os atos retos. Cumpre a cada um que alcança esse mais sublime grau, esse ápice de transcendente glória, observar todos os mandamentos dAquele que é o Desejo do mundo. Esses deveres gêmeos são inseparáveis. Um não é aceitável sem o outro. Assim decretou Aquele que é o Manancial da inspiração divina.
Aqueles que Deus dotou de discernimento prontamente reconhecerão que os preceitos por Ele estabelecidos constituem os instrumentos supremos para a manutenção da ordem no mundo e a segurança de seus povos. Quem deles se desvia conta-se entre os abjetos e insensatos. Verdadeiramente, Nós vos ordenamos resistir aos ditames das vossas más paixões e desejos corruptos e não transpor os limites que a Pena do Altíssimo fixou, pois são o alento de vida para todas as coisas criadas. Os mares da sabedoria divina e das palavras de Deus encapelaram-se ao sopro da brisa do Todo-Misericordioso. Apressai-vos por saciar vossa sede, ó homens de compreensão! Os que violaram o Convênio de Deus desobedecendo-Lhe os mandamentos, e voltaram-Lhe as costas, esses cometeram erro deplorável aos olhos de Deus, o Possuidor de tudo, o Altíssimo.
Ó vós, povos do mundo! Sabei com certeza que Meus mandamentos são as lâmpadas de Minha amorosa providência entre os Meus servos e as chaves de Minha clemência para as Minhas criaturas. Eis o que se fez descer do céu da Vontade de vosso Senhor, o Senhor da Revelação. Se algum homem saboreasse a doçura das palavras que os lábios do Todo-Misericordioso decidiram pronunciar, ele renunciaria aos tesouros da terra, mesmo que os possuísse todos, a fim de vindicar a verdade de ao menos um dos Seus mandamentos, os quais se irradiam da Aurora de Sua benevolência e de Seu generoso cuidado.
Dize: De Minhas leis pode-se inalar a doce fragrância de Meu manto e com sua ajuda os pendões da Vitória cravar-se-ão sobre os mais altos picos. A Língua de Meu poder, do céu de Minha glória onipotente, dirigiu à Minha criação estas palavras: “Observai os Meus Mandamentos por amor à Minha beleza.” Feliz o apaixonado que dessas palavras inalou a fragrância divina de seu Mais-Amado, plenas que são do perfume de uma graça indizível. Por Minha vida! Quem sorver o vinho seleto da eqüidade, oferecido pelas mãos de Meu generoso favor, mover-se-á em torno de Meus mandamentos, que brilham sobre o Horizonte de Minha criação.
Nós vos ordenamos a Oração Obrigatória com nove rak’ahs a ser oferecida a Deus, o Revelador de Versículos, ao meio-dia e pela manhã e ao anoitecer. Dispensamo-vos de um maior número por meio de um decreto do Livro de Deus. Ele, veramente, é o Ordenador, o Onipotente, o Irrestrito. Quando desejardes ofertar essa prece, volvei-vos à Corte de Minha Sacratíssima Presença, este Lugar Consagrado que Deus fez o Centro em cujo redor circula a Assembléia do alto, e decretou como o Ponto de Adoração para os habitantes das Cidades da Eternidade e a Fonte de Comando para todos no céu e na terra. E quando o Sol do Verbo e da Verdade Se puser, volvei as faces ao Lugar que vos ordenamos. Ele é, em verdade, Poderosíssimo e Onisciente.
Tudo o que é veio a ser através de Seu decreto irresistível. Sempre que Minhas leis aparecem, como o sol no firmamento de Minhas palavras, devem ser obedecidas fielmente por todos, ainda que Meu decreto seja de tal natureza que faça romper-se o céu de cada religião. Ele age como Lhe apraz. Decide, e ninguém pode questionar-Lhe a escolha. Em verdade, ama-se exatamente o que quer que o Bem-Amado ordene. Disso dá-Me testemunho o Senhor de toda a criação. Quem inalou a doce fragrância do Todo-Misericordioso, e reconheceu a Origem dessas palavras, acolherá com os próprios olhos os dardos do inimigo, a fim de firmar entre os homens a verdade das leis de Deus. Feliz quem a isso se volveu, e apreendeu o significado do Seu decreto decisivo.
Expusemos os detalhes da oração obrigatória em outra Epístola. Bem-aventurado quem observa o que lhe foi ordenado por Aquele que rege toda a humanidade. Na Oração de Finados seis passagens específicas desceram da parte de Deus, o Revelador de Versículos. Quem souber ler, recite o que foi revelado para anteceder tais passagens; quem não puder fazê-lo é dispensado por Deus dessa exigência. Em verdade Ele é o Poderoso, o Indulgente.
Pêlos de animais não vos invalidam a oração, nem nada que já não tenha espírito, como ossos e coisas semelhantes. Podeis vestir pele de zibelina, assim como usais a de castor, de esquilo e de outros animais. A proibição de seu uso não provém do Alcorão, mas das interpretações errôneas dos doutos religiosos. Ele, em verdade, é o Todo-Glorioso, o Conhecedor de tudo.
Nós vos ordenamos orar e jejuar desde o início da maturidade. É esse o mandamento de Deus, vosso Senhor e Senhor de vossos antepassados. Por dádiva Sua, Ele disso isentou os debilitados por doença ou idade. Ele é o Perdoador, o Generoso. Deus consentiu que vos prostrásseis sobre qualquer superfície limpa, pois no tocante a isso revogamos a restrição que fora estabelecida no Livro Deveras, Deus conhece aquilo do qual nada sabeis. Se não encontrardes água para a ablução, repeti cinco vezes as palavras: “Em Nome de Deus, o Mais Puro, o Mais Puro”, prosseguindo então o vosso ato devocional. Assim ordena o Senhor de todos os mundos. Nas regiões onde os dias e as noites se alongam, determinem-se os horários de oração através de relógios e de outros instrumentos que marcam o passar das horas. Ele, verdadeiramente, é o Explanador, o Sábio.
Deus eximiu as mulheres, durante as suas regras, da oração obrigatória e do jejum. Que elas, em vez disso, façam as suas abluções e então rendam louvores a Deus repetindo noventa e cinco vezes “Glorificado seja Deus, o Senhor de Esplendor e Beleza” entre um meio-dia e outro. Assim foi decretado no Livro, se sois dos que compreendem.
Quando em viagem, caso pareis para descansar em um pouso seguro, prostrai-vos, homens ou mulheres, uma vez para cada Oração Obrigatória não proferida e enquanto prostrados dizei: “Glorificado seja Deus, o Senhor de Majestade e Poder, de Graça e Generosidade”. Quem não puder fazê-lo, basta que diga: “Glorificado seja Deus”. Seguramente, mais que isso não lhe é necessário. Em verdade, Ele é o Deus todo-suficiente, sempiterno, perdoador e compassivo. Findadas as prostrações, sentai-vos, homens ou mulheres, com as pernas entrecruzadas, e dezoito vezes repeti: “Glorificado seja Deus, o Senhor dos reinos da terra e do céu”. Dessa maneira o Senhor torna claras as veredas da verdade e da guia, veredas que conduzem a uma única via, a qual é este Caminho Reto. Agradecei a Deus por esse favor generosíssimo; louvai-O por essa graça que abarcou os céus e a terra; exaltai-O por essa mercê que permeou toda a criação.
Dize: Deus fez Meu amor oculto ser a chave do Tesouro, se o pudésseis perceber! Não fosse a chave, eternamente oculto permaneceria o Tesouro, se o pudésseis crer! Dize: É esta a Fonte da Revelação, o Nascente do Esplendor cuja fulgência iluminou os horizontes do mundo, se apenas pudésseis compreender! É este, em verdade, aquele Decreto imutável através do qual se promulgou todo decreto irrevogável.
Ó Pena do Altíssimo! Dize: Ó povos do mundo! Nós vos ordenamos jejuar durante breve período, e vos destinamos ao seu término o Naw-Rúz como uma festa. Assim brilhou o Sol da Expressão sobre o horizonte do Livro, conforme determinara Aquele que é o Senhor do princípio e do fim. Os dias que excedem aos meses devem antepor-se ao mês do jejum. Nós ordenamos que eles, entre todos os dias e noites, sejam as manifestações da letra Há; por essa razão não foram confinados aos limites do ano e de seus meses. Ao longo desses dias, incumbe ao povo de Bahá prover festivamente alimento para si e para os seus, e também para os pobres e necessitados; incumbe-lhes aclamar e glorificar o Senhor com regozijo e júbilo, e entoar o Seu louvor e exaltar o Seu Nome. E quando findarem— esses dias de doação que precedem o período de abstinência iniciem eles o Jejum. Assim ordenou Aquelequeé o Senhor de toda a humanidade. Nem o viajante, nem o enfermo, nem a mulher grávida ou a que amamenta são obrigados a guardar o Jejum. Deus dispensou-os em sinal de Sua graça. Deveras, Ele é o Onipotente, o Mais Generoso.
São essas as prescrições de Deus que a Sua Pena Excelsa assentou nos Livros e Epístolas. Fazei-vos firmes em Suas leis e mandamentos e não sejais daqueles que, por seguirem suas vãs fantasias e imaginações fúteis, se aferraram aos padrões por eles mesmos fixados e lançaram ao pó os estabelecidos por Deus. Abstende-vos de alimento e de bebida do nascer ao pôr-do-sol, e acautelai-vos para que o desejo não vos prive dessa graça prescrita no Livro.
Ordena-se a cada um dos crentes em Deus, o Senhor do Juízo, que todos os dias, após abluir as mãos e a face, sente-se e então, volvendo-se para Deus, repita “Alláh’u’Abhá” noventa e cinco vezes Assim decretou o Criador dos Céus quando com majestade e poder assentou-Se nos tronos de Seus Nomes. De modo igual, efetuai abluções para a Oração Obrigatória. É esse o mandado de Deus, o Incomparável, o Irrestrito.
Dividimos a herança em sete categorias: aos filhos destinamos nove partes, compreendendo 540 quotas; à esposa, oito partes, compreendendo 480 quotas; ao pai, sete partes, ou 420 quotas; à mãe, seis partes, ou 360 quotas; aos irmãos, cinco partes, ou 300 quotas; às irmãs, quatro partes, ou 240 quotas; e aos professores três partes, ou 180 quotas. Assim estabelecera Meu Precursor, Aquele que Me exalta o Nome nas horas noturnas e ao romper da aurora. Quando ouvimos o clamor dos filhos ainda não nascidos, Nós duplicamo-lhes as quotas e reduzimos as dos demais. Ele, em verdade, pode ordenar tudo o que deseja e realiza a Sua vontade em virtude do Seu soberano poder.
Caso o falecido não deixe descendentes, as quotas que lhes caberiam reverterão para a Casa de Justiça, para que os Mandatários do Todo-Misericordioso expendam-nas em prol dos órfãos e das viúvas e de tudo o que beneficie o povo em geral, a fim de que todos rendam graças ao Senhor, o Todo-Generoso, o Perdoador.
Caso não haja nenhum dos herdeiros já mencionados, mas havendo sobrinhos e sobrinhas entre os parentes do morto, seja pelo irmão, seja pela irmã, a eles passarão dois terços da herança. Na falta deles, passarão aos tios e tias paternos e maternos e, em seguida, aos respectivos filhos e filhas. Em qualquer caso, o terço restante do espólio reverterá para a Sede da Justiça. Assim estabeleceu no Livro Aquele que rege todos os homens.
Se ao falecido não sobreviverem nenhum dos citados pela Pena do Altíssimo, os seus bens, na sua totalidade, reverterão para a Sede acima mencionada, de modo a ser despendido naquilo prescrito por Deus. Ele, verdadeiramente, é o Ordenador, o Onipotente.
Se o filho do morto tiver falecido ainda durante os dias de seu pai, seus filhos, se os tiver, herdarão a parte que caberia ao pai deles conforme prescrito no Livro de Deus. Dividi entre eles, com justiça perfeita, a parte que lhes cabe. Assim encapelaram-se as vagas do Oceano da Expressão, vertendo as pérolas das leis decretadas pelo Senhor de toda a humanidade.
Caso o falecido deixe filhos de menor idade, a porção da herança que lhes cabe deve ser confiada a um indivíduo fidedigno, ou a uma firma, para ser investida em nome deles no comércio, ou em negócios, até que atinjam a maioridade. O curador receberá uma parte justa dos lucros obtidos com tais investimentos.
A partilha dos bens deverá ocorrer somente após pagar-se o Huqúqu’lláh, saldarem-se eventuais débitos, cobrirem-se as despesas do funeral e do sepultamento, e garantir-se que o finado seja conduzido ao derradeiro lugar de repouso com dignidade e honra. Assim ordenou Aquelequeé o Senhor do princípio e do fim.
Dize: Este é aquele conhecimento oculto que jamais há de mudar, pois inicia-se com o nove, o símbolo que representa o Nome oculto e manifesto, inviolável e inacessivelmente excelso. Quanto ao que reservamos aos filhos, trata-se de uma bênção que Deus lhes conferiu, para que rendam graças ao seu Senhor, o Compassivo, o Misericordioso. Estas são, verdadeiramente, as Leis de Deus; não as transgridais por força de vossos desejos egoístas e impuros. Atendei às injunções que vos foram impostas por Aquele que é a Aurora da Expressão. Os sinceros entre os Seus servos hão de considerar os preceitos de Deus como a Água da Vida para os seguidores de todas as crenças, e a Lâmpada da sabedoria e da amorosa providência para todos os que habitam a terra e o céu.
O Senhor vosso Deus ordenou que em cada cidade se estabeleça uma Casa de Justiça onde se reúnam conselheiros em número de Bahá, não havendo mal se tal número for excedido. Eles devem considerar que estão entrando na Corte da presença de Deus, o Excelso, o Altíssimo, e que contemplam Aquele que é o Invisível. Compete-lhes ser os fidedignos do Misericordioso entre os homens, e considerar a si mesmos como os guardiães, nomeados por Deus, de todos os habitantes da terra. Incumbe-lhes consultar em conjunto e cuidar dos interesses dos servos de Deus, por amor a Ele, da mesma forma como cuidam dos seus próprios interesses, e devem escolher o que for digno e apropriado. Assim vos ordenou o Senhor vosso Deus, o Perdoador, o Excelso. Acautelai-vos para não rejeitar o que está claramente revelado em Sua Epístola. Temei a Deus, ó vós que percebeis.
Ó povos do mundo! Edificai, em todas as terras, casas de adoração em nome dAquele que é o Senhor de todas as religiões. Fazei-as tão perfeitas quanto possível no mundo do ser, e adornai-as com aquilo que lhes é apropriado, não com imagens nem efígies. Então, com radiância e alegria, celebrai ali o louvor de vosso Senhor, o Mais Compassivo. Em verdade, com Sua lembrança os olhos se alegram e o coração se enche de luz.
Ó povo de Bahá! Incumbe a cada um de vós ocupar-se com algum trabalho, seja um ofício, um comércio ou algo semelhante. Enaltecemos vosso empenho nesse trabalho ao grau de adoração ao Deus Uno e Verdadeiro. Ponderai, ó povo, sobre a mercê e as bênçãos do vosso Senhor, e rendei-Lhe graças ao anoitecer e ao raiar do dia. Não desperdiceis vossas horas com indolência e preguiça, mas sim ocupai-vos com aquilo que a vós e aos outros beneficiará. Assim decretou-se nesta Epístola em cujo horizonte brilhou o sol da sabedoria e da explanação. Dentre todos os homens, os mais desprezíveis aos olhos de Deus são os que se sentam e mendigam. Segurai-vos firmemente à corda dos recursos e colocai vossa confiança em Deus, o Provedor de todos os recursos.
Ó vós, servos do Misericordioso! Levantai-vos para servir à Causa de Deus de tal modo que vos não aflijam as preocupações e tristezas causadas pelos que desacreditaram no Alvorecer dos Sinais de Deus. Ao cumprir-se a Promessa e manifestar-Se o Prometido, divergências surgiram entre os povos da terra e cada qual seguiu sua própria fantasia e imaginações fúteis.
Entre os homens há um que se senta entre as sandálias junto à porta, mas no íntimo cobiça o lugar de honra. Dize-lhe: Ó fútil e insensato, que espécie de homem és, que te mostras outro? E entre os homens há um que tem a pretensão de conhecer o oculto, e o oculto dentro do oculto. Dize-lhe: Mentes! Por Deus! Realmente nada possuis senão cascas vazias que deixamos para ti como ossos para os cães. Pela retidão do Deus Uno e Verdadeiro! Se alguém lavasse os pés de toda a humanidade e adorasse a Deus nas florestas, nos vales e montanhas, em altas colinas e picos sublimes— sem deixar nem pedra nem árvore nem torrão de terra que não testemunhasse sua devoção—, mas dele não se inalasse a fragrância de Meu beneplácito, jamais Deus aceitaria as suas obras. Assim determinou Aquele que de todos é o Senhor. Quantos não foram os que se isolaram nas plagas da Índia, negando a si mesmos as coisas que Deus decretou lídimas, impondo-se austeridades e mortificações, e dos quais Deus, o Revelador de Versículos, não recordou. Não façais dos vossos atos armadilhas que aprisionem o objeto de vossa aspiração, e não vos priveis deste Objetivo Supremo pelo qual sempre ansiaram todos os que se aproximaram de Deus. Dize: Meu beneplácito é a própria vida de todos os atos, e todas as coisas dependem de Minha aceitação. Lede as Epístolas para que possais conhecer o propósito dos Livros de Deus, o Todo-Glorioso, o Sempre-Magnânimo. Quem atinge o Meu amor tem direito a um trono de ouro para sentar-se com honra acima do mundo inteiro. Quem disso se priva, ainda que se sente sobre o pó, este mesmo pó buscará refúgio em Deus, o Senhor de todas as Religiões.
Antes de expirado um milênio completo, quem afirmar ser portador de uma Revelação direta de Deus será seguramente um impostor mentiroso. Rogamos a Deus que, por Sua graça, o ajude a retratar-se e a repudiar tal pretensão. Se se arrepender, Deus sem dúvida o perdoará. Porém, se persistir em seu erro, é certo que Deus enviará quem o trate impiedosamente. Terrível, deveras, é Deus quando pune! Quem interpreta esse versículo senão em seu sentido óbvio está privado do Espírito de Deus e de Sua misericórdia que abarca toda a criação. Temei a Deus, e não sigais as vossas vãs fantasias. Segui, isto sim, o mandamento de vosso Senhor, o Todo-Poderoso, a Suma Sabedoria. Em breve, vozes clamorosas erguer-se-ão na maioria das terras. Evitai-as, ó Meu povo, e não sigais os iníquos e malévolos. Disso Nós vos prevenimos quando residíamos no Iraque, e depois quando na Terra do Mistério, e agora deste Lugar Resplandecente.
Não vos consterneis, ó povos do mundo, quando o sol de Minha beleza se puser e o céu de Meu tabernáculo se ocultar de vossos olhos. Levantai-vos para promover a Minha Causa e enaltecer Minha Palavra entre os homens. Somos convosco em todos os tempos e vos fortaleceremos com o poder da verdade. Verdadeiramente somos todo-poderoso. Quem Me reconhecer irá se levantar e servir-Me com tal determinação que os poderes da terra e do céu não lhe poderão frustrar o propósito.
Os povos do mundo estão em sono profundo. Despertassem eles de sua letargia, correriam ansiosos a Deus, o Conhecedor de tudo, o Sapientíssimo. Abandonariam tudo o que possuem, ainda que fossem todos os tesouros da terra, a fim de que seu Senhor deles Se lembrasse a ponto de lhes dirigir uma palavra que fosse. Assim vos instrui Aquele que tem o conhecimento das coisas ocultas, em uma Epístola que os olhos da criação jamais viram e que a ninguém se revela senão a Ele próprio, o onipotente Protetor de todos os mundos. Tão confusos estão na embriaguez de seus desejos perversos que são incapazes de reconhecer o Senhor de toda a existência, Cuja voz clama de todas as direções: “Não há outro Deus além de Mim, o Poderoso, o Sapientíssimo”.
Dize: Não vos regozijeis nas coisas que possuís; nesta noite são vossas, amanhã, de outros. Assim vos adverte Aquele que tudo conhece, O de tudo informado. Dize: Acaso podeis afirmar que vossos pertences sejam duradouros ou seguros? Não! por Mim próprio, o Todo-Misericordioso, não podeis fazê-lo, se sois dos que julgam com justeza. Os dias de vossas vidas fogem como um sopro de vento e toda a vossa pompa e glória passará, assim como passou a pompa e a glória dos que se foram antes de vós. Refleti, ó povo! Que foi feito dos vossos dias passados, dos vossos séculos perdidos? Felizes os dias que foram consagrados à lembrança de Deus, e bem-aventuradas as horas ocupadas em louvor Àquele que é o Sapientíssimo. Por Minha vida! Não há de perdurar nem a pompa dos poderosos nem a riqueza dos ricos nem tampouco a ascendência dos ímpios. Tudo perecerá através de uma palavra Sua. Ele, em verdade, é o Todo-Poderoso, o Predominante, o Onipotente. Que vantagem há nas coisas terrenas que os homens possuem? Daquilo que lhes trará proveito descuidaram completamente. Logo despertarão de seu sono e ver-se-ão incapazes de obter o que lhes escapou nos dias de seu Senhor, o Todo-Poderoso, o Todo-Louvado. Se o soubessem, renunciariam a tudo para que seus nomes fossem mencionados diante de Seu trono. Eles, em verdade, contam-se entre os mortos.
Entre os homens há um que se tornou orgulhoso da própria erudição e foi por isso impedido de reconhecer Meu Nome, o Absoluto. Quando escuta os passos das sandálias que o seguem ele se ensoberbece mais do que Ninrode. Dize: Ó rejeitado! Onde habita ele agora? Por Deus, no fogo do inferno! Dize: Ó assembléia de doutos da religião! Acaso não ouvis a voz penetrante de Minha Pena Excelsa? Acaso não vedes este Sol que brilha com esplendor refulgente sobre o Horizonte Todo-Glorioso? Por quanto tempo adorareis os ídolos de vossas más paixões? Abandonai vossos devaneios fúteis e volvei-vos a Deus, o vosso Senhor Eterno.
As dotações destinadas à caridade revertem para Deus, o Revelador de Sinais. A ninguém é dado o direito de delas dispor sem o consentimento dAquele que é a Aurora da Revelação. Tal jurisdição passará dEle aos Aghsán, e depois deles à Casa de Justiça— caso ela já esteja então estabelecida no mundo— para que empreguem tais verbas em prol dos Lugares que foram enaltecidos nesta Causa, e de tudo o que lhes foi ordenado por Ele que é o Deus de força e poder. De outro modo, as dotações reverterão ao povo de Bahá que não fala exceto por Sua permissão, nem julga senão em conformidade com o que Deus decretou nesta Epístola— ei-los! são entre o céu e a terra os paladinos da vitória!— para que as despendam segundo o que foi decretado no Livro por Deus, o Forte, o Munificente.
Não vos lamenteis nas horas de provação, nem nelas vos regozijeis: buscai o Meio-Termo que é a lembrança de Mim em vossas aflições e a reflexão sobre o que vos possa advir no futuro. Assim vos informa Aquele que é o Onisciente, o Cônscio.
Não rapeis as vossas cabeças. Deus adornou-as com cabelos e nisso há sinais da parte do Senhor da criação para os que refletem sobre os requisitos da natureza. Ele, verdadeiramente, é o Deus de força e sabedoria. Todavia, não é adequado deixar-se o cabelo ultrapassar o limite das orelhas. Assim ordenou Aquele que é o Senhor de todos os mundos.
Exílio e aprisionamento são decretados para o ladrão e, no terceiro delito, colocai-lhe uma marca na fronte, para que assim identificado não seja aceito nas cidades de Deus e em Seus países. Acautelai-vos para que a compaixão vos não faça negligentes no cumprimento das leis da religião de Deus. Executai o que vos ordenou o Compassivo, o Misericordioso. Nós vos instruímos com a vara da sabedoria e das leis, assim como um pai educa o filho, e isso apenas para a vossa própria proteção e o enobrecimento de vossa posição. Por Minha vida! Fôsseis desvendar o que desejamos para vós com a revelação de Nossas leis sagradas, imolaríeis as próprias almas por esta Fé santa, poderosa e excelsíssima.
Quem desejar fazer uso de utensílios de prata e de ouro está livre para fazê-lo. Guardai-vos de imergir as mãos no conteúdo de tigelas e pratos ao vos alimentardes. Adotai as maneiras mais acordes com o refinamento. Ele, em verdade, espera ver em vós os modos dos habitantes do Paraíso em Seu inatingível e mais sublime Reino. Conservai o refinamento sob todas as circunstâncias, para que se poupem os vossos olhos do que é repugnante tanto para vós quanto para os habitantes do Paraíso. Se alguém disso se aparta, no mesmo instante o seu ato se torna nulo; mas, havendo bons motivos, Deus escusá-lo-á. Ele, veramente, é o Magnânimo, o Mais Generoso.
Aquele que é a Aurora da Causa de Deus não compartilha com ninguém a Infalibilidade Suprema. Ele é, no reino da criação, a Manifestação de “Ele realiza tudo o que deseja”. Deus reservou para Si mesmo essa distinção, e a ninguém concedeu fração alguma de tão transcendente e sublime grau. É esse o decreto de Deus, até aqui oculto atrás do véu do mistério impenetrável. Nós o desvendamos nesta Revelação, e assim rompemos os véus dos que deixaram de reconhecer o que foi exposto no Livro de Deus, e que se incluíram entre os desatentos.
A todo o pai se ordenou a instrução do filho e da filha na arte de ler e escrever, e em tudo que se encontra registrado na Santa Epístola. Quanto àquele que desconsidera o que lhe foi prescrito: se tiver posses, os Mandatários tomarão dele o necessário para a instrução das crianças, caso contrário, entregue-se o assunto à Casa de Justiça. Verdadeiramente, fizemos dela um abrigo para os pobres e necessitados. Quem cria o seu próprio filho, ou o filho de outrem, é como se criasse um filho Meu; sobre ele repousem Minha glória, Minha ternura e Minha mercê, que envolveram o mundo inteiro.
Deus impôs uma multa de nove mithqáls de ouro a todo adúltero e adúltera, a ser paga à Casa de Justiça, e a ser aplicada em dobro caso repitam a ofensa. Essa é a pena que o Senhor dos Nomes reservou-lhes neste mundo; e no mundo do além Ele destinou-lhes um tormento humilhante. Se alguém se vê afligido por um pecado, que se arrependa e regresse ao seu Senhor. Ele, em verdade, concede perdão a quem Ele desejar e a ninguém é dado questionar o que Lhe apraz prescrever. Ele, em verdade, é O que sempre perdoa, o Todo-Poderoso, o Todo-Louvado.
Acautelai-vos para que os véus da glória não vos privem das águas cristalinas desta Fonte vivificante. Tomai nas mãos o cálice da salvação, nesta alvorada, em nome dAquele que faz o dia raiar, e sorvei vossa porção em louvor Àquele que é o Todo-Glorioso, o Incomparável.
Nós vos tornamos lícito ouvir música e canto. Atentai, porém, para que isso não vos leve a violar os limites do decoro e da dignidade. Seja vossa alegria a alegria que nasce de Meu Nome Supremo, Nome que enleva o coração e extasia as mentes de todos que de Deus se aproximaram. Nós, em verdade, fizemos da música uma escada para as vossas almas, um instrumento pelo qual se possam elevar ao reino nas alturas; não a empregueis, portanto, como asas para o ego e a paixão. Nós, verdadeiramente, não vos queremos contemplar entre os néscios.
Decretamos que uma terça parte de todas as multas seja destinada para a Sede da Justiça, e admoestamos os seus homens a observar pura justiça, para que despendam o que for assim acumulado em prol dos objetivos a eles prescritos por Aquele que é o Conhecedor de tudo, o Sapientíssimo. Ó vós, Homens de Justiça! Sede vós, no domínio de Deus, os pastores de Suas ovelhas e protegei-as dos lobos vorazes que aparecem disfarçados, do mesmo modo como defenderíeis vossos próprios filhos. Assim vos exorta o Conselheiro, o Fiel.
Surgindo entre vós divergências por qualquer causa, submetei-as a Deus enquanto o Sol ainda brilhar acima do horizonte deste Céu e, após o Seu ocaso, recorrei a tudo o que Ele manifestou. Isso, veramente, é suficiente aos povos do mundo. Dize: Que os vossos corações não se perturbem, ó povo, quando a glória de Minha Presença se retirar e se aquietar o oceano de minhas palavras. Em Minha Presença entre vós há uma sabedoria, e em Minha ausência há ainda outra, inescrutável a todos menos a Deus, o Incomparável, o Onisciente. Verdadeiramente, Nós vos observamos do Nosso reino de glória e ajudaremos todo aquele que se levantar para o triunfo de Nossa Causa, com as hostes da Assembléia do alto e uma legião de Nossos anjos prediletos.
Ó povos da terra! Deus, a Verdade Eterna, é Minha testemunha de que correntes de águas frescas e suaves jorraram das rochas em virtude da doçura das palavras pronunciadas por vosso Senhor, o Incoercível; mas permaneceis adormecidos. Rejeitai o que possuís e, nas asas do desprendimento, elevai-vos acima de tudo o que foi criado. Assim vos ordena o Senhor da criação, o movimento de cuja Pena revolucionou a alma da humanidade.
Acaso sabeis de que alturas vosso Senhor, o Todo-Glorioso, está a chamar? Pensais haver reconhecido a Pena com a qual vosso Senhor, o Senhor de todos os nomes, vos ordena? Não, por Minha vida! Se apenas o soubésseis, renunciaríeis ao mundo e de todo o coração correríeis à presença do Bem-Amado. Os vossos espíritos seriam de tal forma arrebatados por Seu Verbo que lançariam em comoção o Mundo Maior, quanto mais este mundo pequeno e insignificante! Assim as chuvas de Minha generosidade manaram do céu de Minha benevolência, em sinal de Meu favor, para que sejais dos agradecidos.
As penalidades por agressão ou ferimento a outrem dependem da severidade da lesão: para cada grau o Senhor do Juízo determinou uma indenização específica. Ele, em verdade, é o Ordenador, o Forte, o Excelso. Se for da Nossa Vontade disporemos sobre as medidas justas de tais pagamentos: é essa a Nossa promessa, e Ele, verdadeiramente, é Aquele que cumpre a Sua palavra, o Conhecedor de tudo.