O ADVENTO DA JUSTIÇA DIVINA
Category: Bahá’í
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POR SHOGHI EFFENDI Tradução de LEONORA STERLING ARMSTRONG EDITORA BAHÁ’Í DO BRASIL Rio de Janeiro 1977 Tradução do original inglês “THE ADVENT OF DIVINE JUSTICE” Primeira edição: 1970 Segunda edição: 1977 EDITORA BAHÁ’Í DO BRASIL Rua Engenheiro Gama Lobo, 267 Rio de Janeiro
O ADVENTO DA JUSTIÇA DIVINA

Aos bem-amados de Deus e às servas do Misericordioso em toda parte dos Estados Unidos e do Canadá

Meus mais amados irmãos e irmãs no amor de Bahá’u’lláh:

Seria difícil, emverdade, expressar adequadamente os sentimentos de irreprimível alegria e júbilo que me inundam o coração todas as vezes que faço pausa para contemplar as incessantes evidências da energia dinâmica que anima os destemidos pioneiros da Ordem Mundial de Bahá’u’lláh ao executarem o Plano do qual foram incumbidos. A fidelidade, o vigor e a minuciosidade com que vós estais realizando as múltiplas operações que a evolução do Plano Setenial necessariamente de implicar, são atestados, além da mais ligeira sombra de dúvida, pelo fato de haverem vossos eleitos representantes nacionais assinado o contrato, o que assinala o começo da fase final do maior empreendimento jamais iniciado por aqueles que seguem no Ocidente a instituída por Bahá’u’lláh, e outrossim pelo progresso extremamente animador registrado nos sucessivos relatórios de seu Comitê Nacional de Ensino. Em ambos os seus aspectos e em todos os seus detalhes, o Plano está sendo levado a efeito com regularidade e precisão exemplares, sem diminuição em eficiência e com louvável prontidão.

O expediente demonstrado pelos representantes nacionais dos crentes americanos, de uma maneira tão impressionante, nos meses recentes, como evidenciado pelas medidas sucessivas por eles adotadas, foi igualado pelo apoio leal, inquestionável e generoso que todos aqueles a quem representam lhes têm outorgado, a cada etapa crítica, e com todo novo avanço, no desempenho de seus deveres sagrados. Tão estreita interação, tão completa coesão, com harmonia e camaradagem tão contínuas entre os vários agentes que contribuem para a vida orgânica de cada comunidade bahá’í em pleno funcionamento, constituindo-lhe a estrutura básica é fenômeno que apresenta um contraste frisante às tendências rompedoras que os elementos discordantes da sociedade hodierna tão tragicamente manifestam. Enquanto cada aparente provação com a qual a insondável sabedoria do Todo-Poderoso julga necessário afligir Sua comunidade eleita, serve apenas para demonstrar novamente sua solidariedade essencial e firmar sua força interior, por outro lado, cada uma das sucessivas crises nos destinos de uma era decadente expõe, de um modo mais convincente do que fez sua antecessora, as influências corrosivas que rapidamente solapam a vitalidade e minam a base de suas instituições declinantes.

Por tais provas da intervenção de uma Providência sempre-vigilante, os que se identificam com a Comunidade do Nome Supremo devem sentir-se eternamente gratos. De cada novo sinal de Sua infalível graça, por um lado, e da revelação de Sua cólera por outro, não podem senão derivar imensa esperança e coragem. Atentos para aproveitarem toda oportunidade que as revoluções da roda do destino dentro de sua lhes oferecem, e intrépidos perante a perspectiva de convulsões espasmódicas que haverão, cedo ou tarde, de afetar fatalmente aqueles que recusaram abraçar sua luz, eles, bem como seus sucessores nessa tarefa, deverão ir avante até que os processos postos em movimento tenham despendido, cada um, sua força e contribuído seu quinhão para o nascimento da Ordem agora movendo-se na matriz de uma era que sente as dores de parto.

Crises que se Repetem

Essas crises que se repetem e que, com ominosa freqüência e uma força irresistível, afligem uma sempre-crescente porção da espécie humana, haverão necessariamente de continuar a exercer sua influência nociva, até certo ponto e, embora não seja permanentemente, sobre uma comunidade mundial que estendeu suas ramificações até os mais remotos confins da Terra. Como podem os primórdios de um cataclismo mundial, desenfreando forças que estão perturbando tão gravemente o equilíbrio social, religioso, político e econômica de uma sociedade organizada, levando ao caos e à confusão os sistemas políticos, as doutrinas raciais, os conceitos sociais, os padrões culturais, as associações religiosas e relações comerciais como podem tais agitações, em tão vasta escala, tão sem precedentes, deixar de produzir qualquer repercussão sobre as instituições de uma de tão terna idade e cujos ensinamentos têm uma relação direta e vital com cada uma dessas esferas de vida e conduta humanas?

Não é de se admirar, pois, se aqueles que estão erguendo a bandeira de uma tão difundida, de uma Causa tão desafiadora, se vêem afetados pelo impacto dessas forças que abalam o mundo. Não é de se admirar se, em meio a esse redemoinho de paixões em contenda, sua liberdade tem sido reduzida, seus princípios desprezados, suas instituições atacadas, seus motivos difamados, sua autoridade posta em perigo, sua pretensão rejeitada.

No coração do continente europeu, uma comunidade que, em virtude de suas potencialidades espirituais e sua situação geográfica, é destinada, segundo predisse ‘Abdu’l-Bahá, a irradiar o esplendor da luz da sobre os países circunvizinhos, está momentaneamente eclipsada por causa das restrições que um regime lamentavelmente errado quanto a seu propósito e sua função, se dignou de lhe impor. Silenciada está agora, infelizmente, a sua voz; dissolvidas estão as suas instituições, proscrita a sua literatura, confiscados os seus arquivos e suspensas as suas reuniões.

Na Ásia central, na cidade que goza de incomparável distinção de ter sido escolhida por ‘Abdu’l-Bahá como sede do primeiro Mashriqu’l-Adhkar do mundo bahá’í, bem como nas cidades e aldeias da província à qual pertence, a tão penosamente oprimida de Bahá’u’lláh, em conseqüência da vitalidade extraordinária, inigualável, que ela tem manifestado consistentemente no decorrer de várias décadas, vê-se à mercê de forças, as quais, alarmadas diante de seu crescente poder, se empenham a reduzi-la à impotência absoluta. Seu Templo, embora usado ainda para fins de adoração bahá’í, foi desapropriado, sendo dissolvidos seus comitês e Assembléias, embaraçadas suas atividades de ensino, deportados seus principais propagadores e presos seus mais entusiásticos defensores, tanto mulheres como homens.

Em sua terra natal, onde reside a imensa maioria de seus adeptos país cuja capital foi saudada por Bahá’u’lláh como a “mãe do mundo” e “o alvorecer do júbilo da humanidade” uma autoridade civil ainda não separada oficialmente das influências paralisantes de um clero antiquado, fanático, excessivamente corrupto, prossegue implacavelmente sua campanha de repressão contra os aderentes de uma que, bem perto de um século, em vão se esforça por suprimir. Indiferente para o fato de que os membros desta comunidade inocente, proscrita, podem com justeza pretender contar-se entre os mais desinteressados, os mais capazes e os mais ardentemente dedicados amigos de sua terra natal, desdenhosa de seu alto senso de cidadania mundial que os defensores de um excessivo e estreito nacionalismo jamais podem esperar apreciar tal autoridade recusa conceder a uma que estende sua jurisdição espiritual sobre quase seiscentas comunidades locais e cujos aderentes excedem em número aos da Cristã ou da judaica ou da zoroastriana naquela terra, o necessário direito legal de executar suas leis, administrar seus assuntos, dirigir suas escolas, celebrar suas festas, circular sua literatura, solenizar seus ritos, erigir seus prédios e salvaguardar suas doações.

E agora, recentemente na própria Terra Santa, coração e centro de uma que abrange o mundo, os fogos da animosidade racial, da luta fratricida, do desavergonhado terrorismo, atearam uma conflagração que, por um lado, afeta gravemente aquele fluxo de peregrinos que constitui o sangue vital desse centro e, por outro, suspende os vários projetos que haviam sido iniciados com referência à preservação e extensão das áreas adjacentes aos sagrados lugares que entesoura. A segurança da pequena comunidade de adeptos residentes, em face da crescente maré de desordem, periclita, sendo indiretamente desafiada sua condição de comunidade neutra e distinta, e restrita sua liberdade para observar algumas de suas cerimônias. Uma série de assaltos homicidas, alternando com explosões de fanatismo amargo, tanto racial como religioso envolvendo os líderes bem como os seguidores das três Fés principais naquele país agitado tem, em algumas ocasiões, ameaçado cortar todas as comunicações normais, não dentro de seus confins mas também com o mundo de fora. Por perigosa que tenha sido a situação, os Lugares Sagrados Bahá’ís, objeto da adoração de uma mundial não obstante seu número e sua posição exposta e embora, aparentemente, privados de qualquer meio de proteção têm sido preservados de uma maneira nada menos que milagrosa.

Um mundo lacerado por paixões em choque, desintegrando-se perigosamente de dentro, vê-se, numa época tão crucial de sua história, face à face com o sempre crescente êxito de uma nascente essa que parece, algumas vezes, ser envolvida em suas controvérsias, emaranhada pelos seus conflitos, eclipsada por suas sombras que se acumulam e sobrepujada pela maré crescente de suas paixões. Em seu próprio coração, dentro de seu berço, na sede de seu primeiro e venerável Templo, num de seus centros outrora florescentes e potencialmente fortes, a Fé, ainda não emancipada, de Bahá’u’lláh, parece realmente haver recuado perante as forças impetuosas da violência e da desordem às quais a humanidade está consistentemente caindo vítima. As cidadelas dessa Fé, uma por uma e dia após dia, ao que parece, estão sendo sucessivamente isoladas, atacadas e capturadas. Enquanto as luzes da liberdade bruxuleiam e se extinguem, enquanto o ruído da discórdia se torna cada dia mais intenso, enquanto os fogos do fanatismo flamejam com crescente ferocidade nos peitos dos homens e o frio da irreligião se alastra furtiva mas inexoravelmente sobre a alma da humanidade, parece que os membros e órgãos que constituem o corpo da de Bahá’u’lláh tenham vindo a sofrer, em grau variável, as influências mutiladoras que atualmente se apoderam do mundo civilizado em sua totalidade.

De que modo claro e impressionante estão sendo demonstradas, nesta hora, as seguintes palavras de ‘Abdu’l-Bahá: “A escuridão do erro que envolveu o Oriente e o Ocidente está, neste mais grandioso ciclo, batalhando contra a luz da Guia Divina. Suas espadas e lanças estão muito agudas e afiadas; seu exército, veementemente sanguinário. “Neste dia”, escreve Ele em outra passagem, “os poderes de todos os líderes da religião têm em mira dispersar a congregação do Todo-Misericordioso e demolir a Estrutura Divina. As hostes do mundo, quer sejam materiais, culturais ou políticas, dão assalto de todos os lados, pois a Causa é grande, muito grande. Sua grandeza está, neste dia, clara e manifesta aos olhos dos homens.”

Principal Cidadela que Ainda Permanece

A principal cidadela que ainda permanece, o poderoso braço que persiste em erguer altamente o estandarte de uma invencível, não é outra que a bem-aventurada comunidade dos seguidores do Nome Supremo no continente norte-americano. Com suas obras e através da infalível proteção que lhe é outorgada por uma Providência toda-poderosa, esse distinto membro do corpo das comunidades bahá’ís de Oriente e Ocidente, promete vir a ser considerada universalmente como o berço bem como a cidadela da Nova Ordem Mundial do futuro, que é a um tempo a promessa e a glória da Dispensação associada ao nome de Bahá’u’lláh.

Se alguém se inclina a menosprezar a dignidade incomparável conferida a essa comunidade, ou duvidar do papel que lhe incumbirá a desempenhar nos dias vindouros, que pondere a implicação destas palavras prenhes de significação e altamente iluminadoras, que foram proferidas por ‘Abdu’l-Bahá e dirigidas a ela num tempo em que os destinos de um mundo gemendo sob o peso de uma guerra assoladora haviam alcançado seu nadir. “O continente da América”, escreveu Ele tão significativamente, “é, aos olhos do Deus único, verdadeiro, a terra onde os esplendores de Sua luz haverão de se revelar, onde os mistérios de Sua se desvelarão, onde os justos haverão de habitar e os livres se reunirem.”

A comunidade dos bahá’ís do continente norte-americano a um tempo a iniciadora primaz e o padrão das futuras comunidades que a de Bahá’u’lláh é destinada a erguer por toda a extensão do Hemisfério Ocidental essa comunidade, a despeito da negrura predominante, mostrou sua capacidade de ser reconhecida como porta-tocha daquela luz, o repositório daqueles mistérios, o exponente daquela justiça e o santuário daquela liberdade. A que outra luz seria possível que estas palavras supracitadas aludissem, senão à luz da glória da Idade Áurea da instituída por Bahá’u’lláh? Quais mistérios poderia ‘Abdu’l-Bahá ter contemplado, a não ser os mistérios daquela Ordem Mundial embrionária que agora evolui dentro da matriz de Sua Administração? Qual a justiça senão aquela cujo reinado essa Era e essa Ordem tão somente poderão estabelecer? Qual a liberdade, a não ser a liberdade que a proclamação de Sua soberania, na plenitude dos tempos, haverá de conceder?

A comunidade dos organizados promotores da de Bahá’u’lláh no continente americano descendentes espirituais dos rompedores da aurora de uma Era heróica, que com sua morte proclamaram o nascimento dessa deverá, por sua vez, inaugurar, não pela sua morte, mas sim, através do sacrifício, em vida, a prometida Ordem Mundial, a concha destinada a entesourar aquela jóia de inestimável valor, a civilização mundial que a própria Fé, tão somente, poderá gerar. Enquanto suas comunidades irmãs se arqueam sob os ventos tempestuosos que lhes batem de todos os lados, essa comunidade, preservada pelos imutáveis decretos do onipotente Ordenador e derivando sustento contínuo do mandato do qual as Epístolas do Plano Divino a investiram, ocupa-se diligentemente em lançar os alicerces e em promover o crescimento daquelas instituições que haverão de prenunciar a aproximação da Era destinada a testemunhar o nascer e o surgir da Ordem Mundial de Bahá’u’lláh.

Uma comunidade, relativamente insignificante a respeito de força numérica; separada por distâncias vastas, tanto do centro focal de sua como da terra onde reside a massa preponderante de seus companheiros de crença; pela maior parte, destituída de recursos materiais e sem experiência ou proeminência; desconhecendo as crenças, os conceitos e os hábitos daqueles povos e raças das quais descenderam seus Fundadores espirituais; sem familiaridade alguma com os idiomas nos quais foram revelados originariamente seus Livros Sagrados; constrangida a depender unicamente de uma tradução inadequada de apenas uma porção fragmentária da literatura que incorpora suas leis, seus princípios e sua história; sujeita, desde a infância, a provações de severidade extrema, envolvendo, algumas vezes, a apostasia de alguns de seus membros mais proeminentes; tendo de enfrentar sempre, desde seu início, num grau crescente, as forças da corrupção, da lassidão moral, e do preconceito arraigado uma comunidade como essa, em menos de meio século, e sem o auxílio de qualquer de suas comunidades irmãs, quer do Oriente ou do Ocidente, em virtude da potência celestial, da qual um Mestre misericordioso tão abundantemente a dotou, tem prestado um ímpeto ao progresso da Causa por ela abraçada que as realizações em conjunto de seus correligionários do Ocidente não conseguiram rivalizar.

Que outra comunidade podemos perguntar em confiança tem sido o meio de fixar o padrão e de fornecer o impulso inicial àquelas instituições administrativas que constituem a vanguarda da Ordem Mundial de Bahá’u’lláh? Que outra comunidade foi capaz de demonstrar, com tamanha consistência, o expediente, a disciplina, a determinação férrea, o zelo e a perseverança, a devoção e a fidelidade, tão indispensáveis à ereção e à contínua extensão da estrutura dentro da qual, tão somente, aquelas instituições nascentes possam multiplicar e madurar? Qual a outra comunidade que se haja provado incendiada por tão nobre visão, ou disposta a elevar-se a tão grandes alturas de abnegação, ou preparada para atingir tão avançado grau de solidariedade, que pudesse erguer, em tão pouco tempo e no curso de anos tão cruciais, uma estrutura que em merecesse ser considerada a maior contribuição jamais feita pelo Ocidente à Causa de Bahá’u’lláh? Qual a outra comunidade que possa pretender com justeza haver conseguido, através dos esforços de um de seus membros mais humildes, sem apoio algum, ganhar a espontânea lealdade de Realeza à sua Causa e obter tão maravilhosos testemunhos, por escrito, à sua verdade? Que outra comunidade mostrou a previsão, a capacidade de organização, o fervor entusiasta, que levaram ao estabelecimento e à multiplicação, em todo o seu território, daquelas escolas iniciais que, com o decorrer do tempo, haverão por um lado de evoluir em poderosos centros de conhecimentos bahá’ís e, por outro, de prover terreno fértil de recrutamento para o enriquecimento e consolidação de sua equipe de ensino? Que outra comunidade produziu pioneiros que a tal ponto reunissem as qualidades essenciais de audácia, consagração, tenacidade, abnegação e devoção incondicional que os levaram a abandonar seus lares, renunciar tudo e espalhar-se sobre a superfície do globo, e a içar nos mais remotos confins da Terra a bandeira triunfante de Bahá’u’lláh? Quem senão os membros dessa comunidade ganharam a distinção eterna de serem os primeiros a erguer a chamada de Bahá’u’l-Abhá em territórios e centros de tão alta importância e espalhados sobre tão vasta área como não o coração do Império Britânico mas também do Francês, a Alemanha, o Extremo Oriente, os Estados Balcânicos, os países escandinavos, a América Latina, as Ilhas do Pacífico, a África do Sul, a Austrália e a Nova Zelândia, e agora, mais recentemente, os Estados Bálticos? Quem senão esses mesmos pioneiros têm se mostrado prontos para empreender a tarefa, exercer a paciência e providenciar os fundos necessários para a tradução e a publicação, em nada menos de quarenta idiomas, de sua literatura sagrada, cuja disseminação é requisito essencial a qualquer campanha de ensino efetivamente organizada? Que outra comunidade pode asseverar ter exercito um papel decisivo nos esforços mundiais feitos para salvaguardar e estender as cercanias imediatas de seus sagrados túmulos, como também para a aquisição preliminar das futuras sedes de suas instituições internacionais em seu centro mundial? Qual a outra comunidade que possa, para seu crédito eterno, dizer-se a primeira a redigir suas constituições, nacional bem como local, estabelecendo assim as linhas fundamentais dos documentos gêmeos designados para regular as atividades, definir as funções e salvaguardar os direitos de suas instituições? Qual a outra comunidade que se possa ufanar de haver ao mesmo tempo adquirido e segurado legalmente a base de suas doações nacionais, assim pavimentando o caminho para uma ação semelhante da parte de suas comunidades locais? Qual a outra comunidade que tenha atingido a suprema distinção de obter, muito antes de haver qualquer de suas comunidades irmãs ideado tal possibilidade, a documentação necessária para assegurar o reconhecimento, pelas autoridades, tanto federais como estaduais, de suas Assembléias Espirituais e doações nacionais? E, finalmente, à qual outra comunidade foi dado o privilégio, ou foram concedidos os meios, de socorrer os necessitados, de pleitear a causa dos espezinhados e de intervir tão energicamente para salvaguardar os edifícios e instituições bahá’ís em tais países como a Pérsia, o Egito, o Iraque, a Rússia e a Alemanha, onde, em várias ocasiões, seus companheiros de crença têm tido de sofrer os rigores da perseguição, tanto religiosa como racial?

Tão brilhante e incomparável registro de serviços que se estendem por um período de bem perto de vinte anos, estando estreitamente entretecidos com os interesses e destinos de tão grande parte da comunidade bahá’í mundial, merece ser incluído como capítulo memorável na história do Período Formativo da de Bahá’u’lláh. Reforçado e enriquecido como é, pela memória das primeiras realizações dos bahá’ís americanos, tal registro é em si, um testemunho convincente de sua capacidade para arcar dignamente com as responsabilidades que qualquer tarefa lhes possa impor no futuro. Exagerar o que significam esses múltiplos serviços, seria praticamente impossível. Julgar corretamente seu valor e dilatar-se com seus méritos e suas conseqüências imediatas é tarefa que somente um futuro historiador bahá’í poderá executar devidamente. Posso por enquanto apenas apresentar para documentação minha profunda convicção de que uma comunidade capaz de patentear tais ações, de manifestar tal espírito, de se erguer a tais alturas, não pode deixar de possuir as devidas potencialidades para que possa, na plenitude dos tempos, vindicar seu direito de ser aclamada principal autora e campeã da Ordem Mundial de Bahá’u’lláh.

Por magníficas que sejam essas realizações, fazendo lembrar, em alguns de seus respeitos, as façanhas com as quais os rompedores da aurora de uma Era heróica proclamaram o nascimento da própria Fé, a tarefa associada com o nome dessa comunidade privilegiada, longe de se aproximar de seu clímax, está apenas começando a desdobrar-se. O que os bahá’ís americanos têm realizado num período de quase cinqüenta anos, é infinitésimo em comparação com a magnitude das tarefas à sua frente. Os ruídos daquele desastre catastrófico que de proclamar, a um e ao mesmo tempo, a agonia de morte da velha ordem e as dores de parto da nova, indicam a constante aproximação bem como o caráter espantoso dessas tarefas.

Uma Cruzada de Magnitude Ainda Maior

O estabelecimento virtual da Ordem Administrativa de sua Fé, a ereção de sua estrutura, a formação de seus instrumentos e a consolidação de suas instituições subsidiárias, foi a primeira tarefa da qual foram incumbidos, como comunidade organizada que veio a existir em virtude do Testamento de ‘Abdu’l-Bahá e sob Suas instruções. Cumpriram essa tarefa inicial com maravilhosa prontidão, fidelidade e vigor. Mal haviam eles criado e correlacionado as várias agências necessárias para o prosseguimento eficiente de quaisquer medidas que pudessem, subseqüentemente, querer iniciar, quando se dirigiram, com o mesmo zelo e dedicação, à próxima tarefa, ainda mais árdua, a de erigir a superestrutura cuja pedra fundamental o próprio ‘Abdu’l-Bahá lançara. E ao realizar-se esta façanha, essa comunidade, consciente dos apaixonados pedidos, exortações e promessas registrados nas Epístolas do Plano Divino, resolveu empreender ainda outra tarefa, a qual, em seu âmbito e suas potencialidades espirituais, haverá seguramente de exceder em brilho todas as obras que realizaram. Iniciando com inextinguível entusiasmo e intrépida coragem o Plano Setenial, como o passo primeiro e prático para o cumprimento da missão prescrita naquelas Epístolas históricas, empreenderam, com espírito de renovada dedicação, sua tarefa dual, cuja consumação, espera-se, será simultânea com a celebração do centenário do nascimento da de Bahá’u’lláh. Bem cientes de que todo adiantamento conseguido na ornamentação exterior de seu majestoso edifício reagiria diretamente sobre o progresso da campanha do ensino iniciada por eles nos continentes americanos, tanto do sul como do norte, e, compreendendo que cada vitória ganha no campo do ensino viria, por sua vez, a facilitar o trabalho e apressar a terminação de seu Templo, eles agora estão envidando todos os esforços, com coragem e fé, para desempenharem, em ambas as suas fases, suas obrigações segundo o Plano à execução do qual se dedicaram.

Que não imaginem, entretanto, que a consumação do Plano Setenial, por coincidir com o término do primeiro século da era bahá’í, signifique o fim do trabalho ou mesmo uma interrupção nesse trabalho em cuja execução a infalível Mão do Todo-Poderoso os dirige. A inauguração do segundo século da era bahá’í de desvelar, forçosamente, vistas mais amplas, introduzir etapas mais avançadas e testemunhar o início de planos de maior alcance do que qualquer um até agora concebido. O Plano em que a inteira comunidade dos bahá’ís americanos focaliza atualmente sua atenção, suas aspirações e seus recursos deve ser visto como apenas um começo, uma prova de fortaleza, um ponto de partida para uma cruzada de magnitude ainda maior, se as responsabilidades e os deveres dos quais o Autor do Plano Divino os investiu hão de ser honrados e inteiramente cumpridos.

Pois a consumação do presente Plano em nada mais resultará que a formação de, pelo menos, um centro em cada república do Hemisfério Ocidental, enquanto os deveres prescritos nessas Epístolas pedem uma difusão mais larga e implicam a disseminação de um número muito maior e mais representativo dos membros da comunidade bahá’í norte-americana sobre toda a superfície do mundo novo. É, sem dúvida, a missão dos bahá’ís americanos, pois, levar avante para o segundo século o glorioso trabalho iniciado nos últimos anos do primeiro. Quando tiverem desempenhado seu papel na orientação das atividades desses centros isolados e recém-nascidos, e na promoção de sua capacidade de, por sua vez, iniciar instituições, tanto locais como nacionais, usando como modelo as suas próprias, então, e não antes, poderão eles estar satisfeitos por haverem cumprido adequadamente suas obrigações imediatas de acordo com o Plano divinamente revelado de ‘Abdu’l-Bahá.

Nem por um momento se deveria supor que a consumação de uma tarefa que visa multiplicar os centros bahá’ís e prover a assistência e a orientação necessárias para se estabelecer a Ordem Administrativa da Bahá’í nos países da América Latina seja a realização total do projeto concebido para eles por ‘Abdu’l-Bahá. Um exame, mesmo que seja perfunctório, daquelas Epístolas que incorporam Seu Plano, revelará instantaneamente um âmbito para suas atividades que se estende muito além dos confins do Hemisfério Ocidental. Estando virtualmente cumpridas suas tarefas e responsabilidades interamericanas, sua missão intercontinental entra em sua fase mais gloriosa e decisiva. “No momento em que esta Mensagem Divina”, escreveu o próprio ‘Abdu’l-Bahá, “for levada avante pelos crentes americanos, partindo das costas da América e sendo propagada em toda parte dos continentes da Europa, da Ásia, da África e da Australásia e até as ilhas do Pacífico, essa comunidade se verá estabelecida seguramente sobre o trono de um domínio imperecível.”

E quem sabe se, ao ser consumada essa tarefa colossal, não serão impelidos a cumprir uma missão maior, ainda mais grandiosa, incomparável em seu esplendor, que lhes fora predestinada por Bahá’u’lláh? As glórias de tal missão são de um brilho tão deslumbrante, as circunstâncias que a atendem são tão remotas e os acontecimentos contemporários, com a culminação dos quais estão tão estreitamente ligadas, se acham em tal estado de fluxo, que seria prematuro tentar, no momento atual, delinear acuradamente as suas feições. Basta dizer que nascerão do tumulto e das tribulações destes “últimos anos” oportunidades nem sonhadas, e serão criadas circunstâncias que se não pode prognosticar, as quais tornarão possíveis, ou melhor, necessário, que os vitoriosos prosseguidores do Plano de ‘Abdu’l-Bahá, através do papel que desempenharão no desdobramento da Nova Ordem Mundial, acrescentem novos lauréis à coroa de seu serviço ao limitar de Bahá’u’lláh.

As Potencialidades do Futuro

Nem se deveria deixar passar despercebida nenhuma das múltiplas oportunidades, de ordem totalmente diferente, que a evolução a própria Fé, quer seja em seu centro mundial ou no continente norte-americano, ou mesmo nas mais remotas regiões da Terra, de criar, instando mais uma vez aos crentes americanos que desempenhem um papel não menos conspícuo do que a sua participação prévia, com suas contribuições coletivas para a propagação da Causa de Bahá’u’lláh. posso no momento citar, ao acaso, certas dessas oportunidades que sobressaem preeminentemente, em qualquer tentativa de examinar as possibilidades do futuro: A eleição da Casa Internacional de Justiça e seu estabelecimento na Terra Santa, o centro espiritual e administrativo do mundo bahá’í, inclusive a formação de suas sucursais auxiliares e instituições subsidiárias; a gradativa ereção das várias dependências do primeiro Mashriqu’l-Adhkar do Ocidente, e as intrincadas questões envolvendo o estabelecimento e a extensão da base estrutural da vida da comunidade bahá’í; a codificação e a disseminação das leis do Sacratíssimo Livro, necessitando a formação, em certos países do Oriente, de cortes de lei bahá’í devidamente constituídas e oficialmente reconhecidas; a construção do terceiro Mashriqu’l-Adhkar do mundo bahá’í nas cercanias da cidade de Teerã, devendo ser seguida pela ereção de uma Casa de Adoração semelhante na própria Terra Santa; a libertação das comunidades bahá’ís dos grilhões da ortodoxia religiosa em tais países islâmicos como a Pérsia, o Iraque e o Egito, e o conseqüente reconhecimento, pelas autoridades civis nesses estados, da condição independente e do caráter religioso das Assembléias Bahá’ís Nacionais e Locais; as medidas precautórias e defensivas a serem planejadas, coordenadas e executadas a fim de neutralizar a plena força dos inevitáveis ataques que os esforços organizados das organizações eclesiásticas das várias seitas desencadearão progressivamente e prosseguirão inexoravelmente; e, em último lugar, porém não da menor importância, as numerosas questões que devem ser enfrentadas, os obstáculos que devem ser vencidos, e as responsabilidades que hão de ser assumidas, para que uma severamente opressa possa atravessar as sucessivas etapas da obscuridade completa, da repressão ativa, da emancipação total, conduzindo então ao seu reconhecimento como independente, gozando da mesma condição de plena igualdade com as religiões irmãs, a ser seguida por seu estabelecimento e reconhecimento como religião de Estado, a qual, por sua vez, deverá ceder à sua assunção dos direitos e prerrogativas associadas ao Estado Bahá’í, funcionando na plenitude de seus poderes etapa essa que de culminar, finalmente, na emergência do Estado Bahá’í mundial, animado inteiramente pelo espírito e operando unicamente de conformidade direta com as leis e os princípios de Bahá’u’lláh.

Tenho confiança de que os bahá’ís americanos, além de sua resposta ao chamado ao ensino, expresso por ‘Abdu’l-Bahá em Suas Epístolas, aceitarão sem hesitação o desafio oferecido por estas oportunidades e, com sua tradicional intrepidez, tenacidade e eficiência, de tal modo lhe responderão que, perante o mundo inteiro, confirmarão seu título e grau como os construtores campeões das mais poderosas instituições da instituída por Bahá’u’lláh.

Sua Luz Infalível

Bem-amados amigos! Embora a tarefa seja longa e árdua, o prêmio que o Todo-Generoso se dignou de vos conferir é tão precioso que nem língua nem pena pode avaliá-lo de um modo digno. Embora seja distante a meta para a qual agora vos esforçais tão ardentemente, não havendo sido revelada ainda aos olhos dos homens, sua promessa, no entanto, se encontra firmemente implantada nas pronunciações autorizadas e inalteráveis de Bahá’u’lláh. Embora o curso que Ele vos tem traçado pareça, algumas vezes, perdido nas sombras ameaçadoras que agora envolvem uma humanidade atribulada, a infalível luz, entretanto, que Ele fez brilhar sobre vós continuamente, é de tal intensidade que nenhum crepúsculo terreno jamais lhe eclipsará o esplendor. Não obstante ser pequeno vosso número e circunscritas vossas experiências, vossos poderes e recursos, a Força, entretanto, que vigora vossa missão é de âmbito ilimitado e de potência incalculável. Apesar de serem ferozes, numerosos e inexoráveis os inimigos que cada aumento no progresso de vossa missão fará surgirem, as Hostes invisíveis, porém, as quais, se vós perseverardes, haverão de se apressar a auxiliar-vos segundo prometeram, capacitar-vos-ão, finalmente, a frustrar suas esperanças e aniquilar suas forças. Embora sejam indubitáveis as bênçãos que hão de coroar, afinal, a consumação de vossa missão, e firmes e irrevogáveis as promessas Divinas que vos foram dadas, a medida, no entanto, da boa recompensa que cada um de vós é destinado a colher, deverá depender do grau de vossos esforços diários em prol da expansão dessa missão e da aceleração de seu triunfo.

Bem-amados amigos! Por grandes que sejam meu amor e admiração por vós e por mais convencido que eu esteja da eminente participação que podereis ter e, sem dúvida, tereis em ambas as esferas, continental e internacional, do futuro serviço e atividade bahá’ís, sinto, porém, que me incumbe, nesta altura, proferir uma palavra de advertência. Os calorosos tributos, tão repetida e meritoriamente prestados à capacidade, ao espírito, à conduta e ao alto grau dos bahá’ís americanos, individualmente e também como comunidade orgânica, não se referem, em hipótese alguma, às características e natureza do povo do qual Deus os ergueu. Uma nítida distinção deve ser feita entre essa comunidade e aquele povo, e mantida resoluta e destemidamente, se quisermos dar o devido reconhecimento ao poder de transmutação possuído pela de Bahá’u’lláh, em seu impacto sobre as vidas e os padrões daqueles que desejaram alistar-se sob Sua bandeira. De outro modo, a função suprema e distinta de Sua Revelação, que outra não é senão a de fazer surgir uma nova raça de homens, permanecerá totalmente desconhecida, em completa obscuridade.

A Função Suprema de Sua Revelação

Quantas vezes os Profetas de Deus, não excetuando o próprio Bahá’u’lláh, se têm dignado de aparecer e apresentar Sua Mensagem em países e entre povos e raças num tempo em que estes ou estavam em rápido declínio ou haviam tocado nas ínfimas profundidades da degradação moral e espiritual. A espantosa miséria e aflição em que os israelitas se haviam afundado, sob o governo tirânico e humilhante dos faraós nos dias precedentes a seu êxodo do Egito, guiados por Moisés; o declínio que se iniciara na vida religiosa, espiritual, cultural e moral do povo judaico, no tempo do aparecimento de Jesus Cristo; a crueldade bárbara, a vergonhosa idolatria e imoralidade, que desde tanto tempo eram as características mais angustiantes das tribos da Arábia, expondo-as a tanto opróbrio, quando Maomé se levantou para proclamar Sua Mensagem em seu meio; o estado indescritível de decadência, com seu séqüito de corrupção, confusão, intolerância e opressão na vida civil, bem como religiosa, da Pérsia, tão graficamente mostradas pela pena de um número considerável de letrados, diplomatas e visitantes, na hora da Revelação de Bahá’u’lláh tudo demonstra este fato básico e irrefutável. Afirmar que o merecimento inato, o elevado padrão moral, a aptidão política e as realizações sociais de qualquer raça ou nação sejam a razão por que apareça em seu meio algum destes Luminares Divinos, seria uma absoluta perversão dos fatos históricos e equivaleria a um repúdio completo à indubitável interpretação que tanto Bahá’u’lláh como ‘Abdu’l-Bahá tão clara e enfaticamente lhes deram.

Como deve ser grande, pois, o desafio àqueles que pertencem a tais raças e nações e responderam ao chamado erguido por esses Profetas, para reconhecerem, sem reservas, e corajosamente darem testemunho desta verdade inquestionável de que não por causa de superioridade racial, capacidade política ou virtude espiritual possuídas por qualquer raça ou nação, mas, antes, como conseqüência direta de suas prementes necessidades, sua lamentável degeneração e irremediável perversidade foi que o Profeta de Deus se dignou de aparecer em seu meio e, com essa alavanca, elevou a inteira espécie humana a um mais alto e nobre plano de vida e conduta. Pois é precisamente sob tais circunstâncias e por tais meios que os Profetas, desde os tempos imemoriais, têm querido e podido demonstrar Seu poder redentor para erguer das profundidades da abjeção e da miséria o povo de Sua própria raça e nação, capacitando-o para transmitir, por sua vez, a outras raças e nações a graça salvadora e a influência vitalizadora de Sua Revelação.

À luz deste princípio fundamental, deve-se ter sempre em mente nem é possível frisar isto suficientemente que a razão primária por que o Báb e Bahá’u’lláh se dignaram de aparecer na Pérsia e fazê-la o primeiro repositório de Sua Revelação foi que, dentre todos os povos e nações do mundo civilizado, essa raça e nação como tantas vezes ‘Abdu’l-Bahá lhe representava a situação se afundara até profundidades tão ignominiosas e manifestara tão grande perversidade que não se encontrava paralelo entre seus contemporâneos. Pois não se poderia aduzir uma prova mais convincente para demonstrar o espírito regenerador que anima as Revelações proclamadas pelo Báb e por Bahá’u’lláh do que seu poder de transformar o que pode ser considerado, verdadeiramente, um dos povos mais atrasados, mais covardes e perversos, em uma raça de heróis apta para efetuar, por sua vez, uma revolução semelhante na vida da humanidade. Se tivesse aparecido entre uma raça ou nação que por seu valor intrínseco e suas altas realizações parecesse fazer jus ao inestimável privilégio de ser escolhida como receptáculo de tal Revelação, isso reduziria muito, aos olhos de um mundo descrente, a eficácia dessa Mensagem e detrairia da auto-suficiência de seu supremo poder. O contraste que nos é apresentado, de um modo tão impressionante, nas páginas da Narrativa de Nabíl, entre o heroísmo que imortalizou a vida e as façanhas dos Rompedores da Aurora, e a degeneração e covardia de seus difamadores e perseguidores, é, em si, um testemunho muito frisante à verdade da Mensagem Daquele que instilara tal espírito nos peitos de Seus discípulos. Se qualquer crente daquela raça alegasse serem a excelência de seu país e a nobreza inata de seu povo as razões fundamentais por sua escolha como receptáculo primaz das Revelações do Báb e de Bahá’u’lláh, isto seria insustentável à face da irresistível evidência apresentada de um modo tão concludente por essa Narrativa.

Em grau menor deve este princípio, necessariamente, ser aplicável ao país que vindicou seu direito de ser considerado o berço da Ordem Mundial de Bahá’u’lláh. Tão grande função, tão nobre papel, pode ser considerado como não inferior àquele desempenhado por aquelas almas imortais que, através de sua renúncia sublime e façanhas sem paralelo foram responsáveis pelo nascimento da própria Fé. Que aqueles, pois, destinados a exercer um cargo tão predominante no nascimento dessa civilização mundial que é de descendência direta de sua não imaginem, nem por um momento, que, para algum fim misterioso ou por qualquer motivo de excelência inerente ou mérito especial, Bahá’u’lláh se tenha dignado de conferir a seu país e seu povo tão grande e durável distinção. É precisamente por causa dos males patentes os quais, não obstante suas outras características e realizações inegavelmente grandes, tem sido engendrados em seu seio, infelizmente, por um materialismo excessivo e repressor, que o Autor de sua e o Centro de Seu Convênio lhe concederam a distinção única de se tornar o porta-estandarte da Nova Ordem Mundial ideado em Seus escritos. É por este meio que Bahá’u’lláh melhor pode demonstrar, a uma geração desatenta, Sua onipotência para erguer do próprio seio de um povo imerso num mar de materialismo, vítima de uma das formas mais virulentas e arraigadas de preconceito racial e notório por sua corrupção política, sua licenciosidade e seu relaxamento em padrões morais homens e mulheres que, com o decorrer do temperamento, exemplificarão cada vez mais aquelas virtudes essenciais da abnegação, da retidão moral, da castidade, da camaradagem sem discriminação, da santa disciplina e da percepção espiritual, que os prepararão para o papel preponderante que terão de desempenhar na criação dessa Ordem Mundial e dessa Civilização Mundial das quais seu país, não menos que a inteira espécie humana, necessita desesperadamente. Seu será o dever e seu o privilégio, em sua capacidade, primeiro, como estabelecedores de um dos mais poderosos pilares que sustentam o edifício da Casa Universal de Justiça e, depois, como os construtores-campeões da Nova Ordem Mundial da qual esta Casa de ser o núcleo e o precursor inculcar, demonstrar e aplicar aqueles princípios gêmeos, tão urgentemente necessários, princípios aos quais a corrupção política e a licença moral, maculando cada vez mais a sociedade à qual pertencem, apresentam tão triste e chocante contraste.

Advertências como estas, por desagradáveis e deprimentes que sejam, não nos devem cegar, no mínimo grau, àquelas virtudes, àquelas qualidades de alta inteligência, vigor juvenil, ilimitada iniciativa e espírito empreendedor, as quais a nação como um todo mostra tão conspicuamente e a comunidade dos bahá’ís dentro dela reflete cada vez mais. Destas virtudes e qualidades, não menos do que da eliminação dos males mencionados, de depender, em grande parte, a capacidade dessa comunidade para lançar um alicerce firme para a futura participação do país em inaugurar a Idade Áurea da Causa de Bahá’u’lláh.

Quão Espantosa a Responsabilidade

Como é grande, pois, como é espantosa, a responsabilidade que de pesar sobre a presente geração dos bahá’ís americanos nessa etapa incipiente de sua evolução espiritual e administrativa a responsabilidade de extirpar, por todos os meios ao seu alcance, aqueles defeitos, hábitos e tendências que herdaram de sua própria nação, e cultivar, com paciência e prece, essas qualidades e características distintivas, tão indispensáveis à sua efetiva participação na grande obra redentora de sua Fé. Desde que, em vista do tamanho restrito de sua comunidade e da influência limitada que ela atualmente exerce, eles não tenham ainda capacidade para produzirem uma influência notável na grande massa de seus conterrâneos, cumpre, pois, que focalizem sua atenção, por enquanto, em si mesmos, em suas necessidades individuais, suas próprias deficiências e fraquezas pessoais, sempre lembrados de que cada intensificação de esforço de sua parte melhor os preparará para o tempo em que eles, por sua vez, terão de extirpar semelhantes tendências más das vidas e dos corações da inteira massa de seus concidadãos. Nem devem desatender o fato de que a Ordem Mundial, a base da qual eles, como vanguarda das futuras gerações bahá’ís de seus conterrâneos, lidam atualmente para estabelecer, jamais será erigida, a não ser, e até que, a generalidade do povo ao qual pertencem tenha sido purificada dos diversos males que agora tão severamente a afligem.

Ao examinar em geral as mais prementes necessidades dessa comunidade, ao tentar avaliar as mais sérias deficiências que a estorvam no desempenho de sua tarefa, e sempre lembrado da natureza daquela tarefa ainda maior com a qual ela será forçada a lutar no futuro, sinto que é meu dever frisar especialmente, e chamar a especial e urgente atenção do inteiro corpo dos bahá’ís americanos quer sejam jovens ou velhos, brancos ou de cor, instrutores ou administradores, veteranos ou recém-vindos ao que eu creio serem os requisitos essenciais ao êxito das tarefas que atualmente exigem sua inteira atenção. Por grande que seja a importância de amoldar os instrumentos exteriores e de aperfeiçoar as agências administrativas, que eles poderão utilizar para a prossecução de sua tarefa dual, segundo o Plano Setenial; por mais vitais e urgentes as campanhas que estão sendo iniciadas, os planos e projetos que estão sendo delineados e os fundos que estão sendo levantados, para o prosseguimento eficiente do trabalho, tanto do ensino como do Templo não menos urgentes e vitais, entretanto, são os fatores imponderáveis, os espirituais, ligados estreitamente às suas próprias vidas interiores individuais e com os quais estão associadas suas relações humanas e sociais. Estes fatores exigem deles constante perscrutação, contínua auto-análise e minucioso exame de seus próprios corações, para que não seja diminuído seu valor, nem obscurecida ou esquecida sua necessidade vital.

Requisitos Espirituais Preliminares

Dentre estes requisitos espirituais indispensáveis ao êxito, os quais constituem o leito de rocha do qual de depender, afinal, a segurança de todos os planos de ensino, projetos para o Templo e esquemas financeiros, os seguintes sobressaem como preeminentes e vitais, merecendo ser ponderados pelos membros da comunidade bahá’í americana. Do grau em que estes requisitos básicos forem preenchidos e da maneira como os bahá’ís americanos os cumprirem em suas vidas individuais, suas atividades administrativas e relações sociais, haverá de depender a medida das múltiplas bênçãos que o Todo-Generoso Possuidor poderá conceder a eles todos. Estes requisitos outros não são que um alto senso de retidão moral em suas atividades sociais e administrativas, castidade absoluta em suas vidas individuais e completa isenção de preconceito em suas relações com pessoas de diferentes raças, classes, crenças ou cores.

O primeiro é dirigido, especialmente, embora não exclusivamente, aos seus representantes eleitos, quer sejam locais, regionais ou nacionais, os quais, em sua capacidade de custódios e membros das nascentes instituições da de Bahá’u’lláh, estão arcando com a responsabilidade principal na construção de um alicerce inatacável para aquela Casa Universal de Justiça que, assim como seu título implica, de ser o expoente e a guardiã daquela Justiça Divina que tão somente pode trazer segurança e estabelecer o predomínio da lei e da ordem num mundo onde prevalece uma estranha desordem. O segundo se refere principal e diretamente a juventude bahá’í, a qual pode contribuir de um modo tão decisivo à virilidade, a pureza e a força motriz da vida da comunidade bahá’í e de quem deverá depender a futura orientação de seu destino bem como o desenvolvimento completo das potencialidades de que Deus a dotou. O terceiro deve ser a incumbência imediata, universal e principal de todos os diversos membros da comunidade bahá’í, de qualquer idade, categoria, experiência, classe ou cor que sejam, pois todos, sem nenhuma exceção, terão de enfrentar suas implicações desafiadoras, e ninguém, não importa quanto tenha progredido neste respeito, pode afirmar que haja desempenhado completamente as graves responsabilidades que este requisito inculca.

Uma retidão de conduta, um senso permanente de infalível justiça, não obscurecido pelas influências desmoralizadoras que uma vida política dominada pela corrupção demonstra de um modo tão impressionante; uma vida casta, pura e santa, não maculada e anuviada pelas indecências, pelos vícios, pelos padrões falsos que um código moral inerentemente deficiente tolera, perpetua e alimenta; uma fraternidade livrada daquele cancro de preconceito racial, que está corroendo os órgãos vitais de uma sociedade debilitada são estes os ideais que os bahá’ís americanos doravante, individualmente e através de ação em conjunto, deverão empenhar-se em promover, tanto na vida particular como na pública ideais que são as principais forças impulsoras que podem mais efetivamente acelerar a marcha de suas instituições, seus planos e empreendimentos, que podem guardar a honra e a integridade de sua e vencer quaisquer obstáculos que ela tenha de enfrentar no futuro.

Esta retidão de conduta, com suas implicações de justiça, eqüidade, veracidade, honestidade, imparcialidade e fidedignidade, deve distinguir toda fase da vida da comunidade bahá’í. “Os companheiros de Deus”, declarou o próprio Bahá’u’lláh, “são, neste dia, o fermento que de levedar os povos do mundo. Devem manifestar tal fidedignidade, tal veracidade e perseverança, tais ações e tal caráter, que todo o gênero humano possa ser beneficiado pelo seu exemplo.” “Aquele que é o Mais Grandioso Oceano Me testemunho!” afirma Ele outra vez, “No próprio alento de tais almas que sejam puras e santificadas, se ocultam potencialidades de vasto alcance. Tão grandes são estas potencialidades que exercem sua influência sobre todas as coisas criadas.” “Aquele que é o verdadeiro servo de Deus”, escreveu Ele em outra passagem, “que, neste dia, ainda que passasse por cidades de prata e ouro, não se dignaria de olhar para elas, e cujo coração permaneceria puro, sem ser contaminado por quaisquer coisas que possam ser vistas neste mundo, sejam seus bens ou seus tesouros. Invoco o testemunho do Sol da Verdade! O sopro de tal homem é dotado de potência e suas palavras de atração.” “Por Aquele que brilha acima da aurora da santidade!” Ele, ainda mais enfaticamente revelou, “Se toda a Terra fosse convertida em prata e ouro, nenhum homem que se pode dizer tenha ascendido ao céu da e certeza se dignaria de lhe dar atenção, muito menos de apanhar e guardá-lo… Os que habitam no Tabernáculo de Deus e estão estabelecidos nos assentos da glória imperecível recusar-se-ão, ainda que estejam morrendo de fome, a estender as mãos e tomar ilicitamente a propriedade de seu próximo, por mais abjeto e desprezível que este seja. O propósito de Deus, Uno e Verdadeiro, em se manifestar, é convocar todo o gênero humano à veracidade e sinceridade, à piedade e fidedignidade, à resignação e submissão à vontade de Deus, à tolerância e bondade, à integridade e sabedoria. É Seu objetivo adornar todo homem com o manto de um caráter santo e embelezá-lo com o ornamento de boas e santas ações.” “Temos advertido a todos os bem-amados de Deus”, insiste Ele, “que usem de cautela para que a orla das Nossas vestes sagradas não seja maculada por ações ilícitas ou manchada pelo da conduta repreensível.” “Aderi à retidão, ó povo de Bahá”, Ele assim os exorta, “É este, verdadeiramente, o mandamento que este Injuriado vos tem dado, e é a primeira escolha de Sua irrestrita vontade para cada um de vós.”. “Um bom caráter”, explica Ele, “é, em verdade, o melhor manto que Deus concede aos homens. Ele o usa para adornar os templos de Seus bem-amados. Por Minha vida! A luz do bom caráter ultrapassa a luz do sol e seu fulgor.” “Um ato íntegro”, escreveu Ele ainda, “é dotado de tal potência que eleva o até fazê-lo passar além do céus dos céus. Tem o poder de romper todo vínculo e de restaurar a força que se desgastou e esvaeceu… puro, ó povo de Deus, puro; justo… Dize: ó povo de Deus! O que pode assegurar a vitória Daquele que é a Verdade Eterna, Suas hostes e auxiliadores na Terra, foi inscrito nos Livros Sagrados e Escrituras e está tão claro e manifesto como o sol. O que constitui estas hostes são as ações íntegras, a conduta e o caráter que sejam aceitáveis aos Seus olhos. Se alguém se levantar, neste Dia, para dar seu apoio à Nossa Causa, chamando ao seu auxílio as hostes de um caráter louvável e conduta reta, a influência de tal ação haverá, com a máxima certeza, de ser difundida pelo mundo inteiro.” “A melhora do mundo” é ainda outra afirmação “pode ser realizada através de ações puras e boas, de conduta louvável e digna.” “Sede justos a vós mesmos e aos outros” assim Ele os aconselha “para que as evidências da justiça sejam reveladas através de vossas ações entre os Nossos servos fiéis”. “A eqüidade”, escreveu Ele também, “é a mais fundamental entre as virtudes humanas. A avaliação de todas as coisas há, forçosamente, de depender dela.” E outra vez, “Observai eqüidade em vosso julgamento, ó vós, homens de coração compreensível! Quem julga com injustiça é destituído das características que distinguem a condição do homem.” “Embelezai vossas línguas com veracidade, ó povo.” Ele ainda os admoesta, “e adornai vossas almas com o ornamento da honestidade. Acautelai-vos, ó povo, para que não trateis ninguém de um modo traiçoeiro. Sede os fidedignos de Deus entre Suas criaturas e os emblemas de Sua generosidade entre Seu povo.” “Que seja casta vossa vista” é ainda outro conselho “fiel vossa mão, veraz vossa língua e esclarecido vosso coração.” “Sê um ornamento para o semblante da verdade” é ainda outra admoestação “uma coroa para a fronte da fidelidade, um pilar para o templo da retidão, um sopro de vida para o corpo da humanidade, uma insígnia das hostes da justiça, um luminar acima do horizonte da virtude.” “Que a veracidade e a cortesia sejam vosso adorno”- admoesta Ele ainda “não permitais que vos sejam negadas as vestes da tolerância e da justiça, para que os doces aromas da santidade oriundos de vossos corações se difundam sobre todas as coisas criadas. Dizei: Acautelai-vos, ó povo de Bahá, para que não andeis nos caminhos daqueles cujas palavras diferem de seus atos. Esforçai-vos a fim de serdes capacitados a manifestar os sinais de Deus aos povos da Terra e a espelhar Seus mandamentos. Que vossos atos sirvam para guiar toda a humanidade, pois as profissões da maioria dos homens, sejam de alta ou de baixa categoria, diferem de sua conduta. É por meio de vossas ações que vos podeis distinguir de outrem. Através delas poderá o resplendor de vossa luz ser difundido sobre toda a Terra. Feliz o homem que atende a Meu conselho e guarda os preceitos estabelecidos por Aquele que é o Onisciente, a Suma Sabedoria.”

“Ó exército de Deus!” escreve ‘Abdu’l-Bahá, “Através da proteção e ajuda concedidas pela Abençoada Beleza seja minha vida um sacrifício aos Seus bem-amados deveis vos comportar de tal maneira que sobressaís, distintos e brilhantes como o sol entre as outras almas. Fosse qualquer um de vós entrar numa cidade, ele se deveria tornar um centro de atração por causa de sua sinceridade, sua fidelidade e seu amor, sua honestidade, veracidade e benevolência para com todos os povos do mundo, de modo que os habitantes dessa cidade exclamem, dizendo:- Esse homem é bahá’í, inquestionavelmente, pois seus modos, sua conduta, sua moral, sua natureza e temperamento refletem os atributos dos bahá’ís. Antes de atingirdes este grau, não podereis ser considerados fiéis ao Convênio e Testamento de Deus.” “O dever mais vital, neste dia”, escreveu Ele, além disso, “é a purificação de vossos caráteres, a correção de vossos modos e a melhora de vossa conduta.

Os bem-amados do Misericordioso devem manifestar tal caráter e conduta entre Suas criaturas que a fragrância de sua santidade se difunda sobre o mundo inteiro e ressuscite os mortos, desde que o propósito do Manifestante de Deus e do alvorecer das luzes ilimitadas do Invisível seja a educação das almas dos homens e a refinação do caráter de todo homem vivente…” “A veracidade” afirma Ele, “é o fundamento de todas as virtudes humanas. Sem a veracidade, o progresso e o êxito em todos os mundos de Deus são impossíveis para qualquer alma. Quando este santo atributo for estabelecido no homem, todas as qualidades divinas também serão adquiridas.”

Tal retidão de conduta deve manifestar-se, com potência cada vez maior, em todos os veredictos que os representantes eleitos da Comunidade Bahá’í, em qualquer capacidade em que se encontrem, possam ter de pronunciar. Deve ser constantemente refletida nas transações comerciais de todos os seus membros, em suas vidas domésticas, em toda espécie de emprego e em qualquer serviço que possam prestar futuramente a seu governo ou seu povo. Deve ser exemplificada na conduta de todos os eleitores bahá’ís quando caracterizar a atitude de todo seguidor leal da no que diz respeito à sua obrigação de não aceitar encargos políticos, nem se identificar com qualquer partido político, nem participar de controvérsias políticas, e de não se afiliar a organizações políticas ou instituições eclesiásticas. Deve revelar-se na aderência incondicional de todos, sejam moços ou velhos, aos princípios fundamentais claramente enunciados e estabelecidos por ‘Abdu’l-Bahá em Seus discursos, e às leis e preceitos revelados por Bahá’u’lláh em Seu Sacratíssimo Livro. E essa retidão deve ser demonstrada pela imparcialidade de qualquer um que defenda a contra seus inimigos, pela sua eqüidade em reconhecer quaisquer méritos que o inimigo talvez possua e pela sua honradez em cumprir qualquer obrigação que possa ter para com ele. Deve constituir o mais brilhante ornamento da vida, das atividades, dos esforços e das palavras de todo instrutor bahá’í, esteja ele trabalhando em sua terra natal ou no estrangeiro, quer na vanguarda das fileiras de instrutores, ou ocupando um posto de menos ação e responsabilidade. Deve-se fazê-la o distintivo daquele corpo dos representantes eleitos de cada comunidade bahá’í, numericamente pequeno mas intensamente dinâmico e altamente responsável, o qual constitui o sustentáculo e o instrumento único, em cada comunidade, para a eleição daquela Casa Universal cujo próprio nome e título, segundo determinação de Bahá’u’lláh, simbolizam aquela retidão de conduta que é sua mais alta missão salvaguardar e executar.

Tão grande e transcendental é este princípio da Justiça Divina princípio que deve ser considerado a distinção culminante de todas as Assembléias Locais e Nacionais, em sua qualidade de precursores da Casa Universal de Justiça que o próprio Bahá’u’lláh subordina Sua vontade e inclinação pessoal à força predominante das implicações e exigências deste princípio. “Deus é Minha Testemunha!” exclama Ele e assim explica:

“Se não fosse contrário à Lei de Deus, Eu teria beijado a mão daquele que Me quis assassinar e permitido que herdasse Meus bens terrenos. Restringe-Me, porém, a Lei inexorável estabelecida no Livro, e estou, Eu Mesmo, despojado de todas as possessões terrenas.” “Sabe tu, em verdade”, afirma Ele significativamente, “essas grandes opressões que sobrevieram ao mundo estão preparando-o para o advento da Suprema Justiça.” “Dize”, assevera ainda, “Ele apareceu com aquela justiça com a qual a humanidade foi adornada e, no entanto, o povo, pela maior parte, está adormecido.” “A luz dos homens é a Justiça” declara Ele, além disso, “Não a apagueis com os ventos contrários da opressão e tirania. O desígnio da justiça é o aparecimento da unidade entre os homens.” “Nenhum resplendor”, declara ainda, “pode comparar com o da justiça. Dela dependem a organização do mundo e a tranqüilidade do gênero humano.” “Ó povo de Deus!” Ele exclama, “O que treina o mundo é a Justiça, pois é sustentada por dois pilares, recompensa e punição. Esses dois pilares são as fontes de vida para o mundo.” “A justiça e a eqüidade”, é ainda outra afirmação, “são duas guardiãs para a proteção do homem. Apareceram adornadas com seus poderosos e sagrados nomes a fim de manterem o mundo em retidão e protegerem as nações.” “Despertai-vos, ó povo”, é Sua advertência enfática, “em antecipação dos dias da Justiça Divina, pois chegou a hora prometida. Acautelai-vos, para que não deixeis de apreender o que significa e assim sejais contados entre aqueles que erram.” “Aproxima-se o dia” escreveu Ele outrossim, “quando os fiéis contemplarão a estrela-d’alva da justiça enquanto se irradia em pleno esplendor do amanhecer da glória.” “A ignomínia que fui forçado a suportar”, é Sua observação significativa, “desvelou a glória da qual a criação inteira fora investida e, através das crueldades que tenho sofrido, a estrela-d’alva da justiça manifestou-se e irradiou sobre os homens seu esplendor.” “O mundo”, escreveu outra vez, “está em grande turbulência e as mentes de seus povos se acham em confusão completa. Suplicamos ao Todo-poderoso que por Sua graça os ilumine com a glória de Sua Justiça e os capacite a descobrir o que lhes for proveitoso em todos os tempos e sob todas as condições.” E outra vez, “Não pode haver a mínima dúvida de que, se a estrela-d’alva da justiça, atualmente encoberta pelas nuvens da tirania, fosse irradiar sua luz sobre os homens, a face da Terra seria completamente transformada.”

“Louvado seja Deus!” ‘Abdu’l-Bahá, por Sua vez, exclama. “O sol da justiça surgiu do horizonte de Bahá’u’lláh, pois em Suas Epístolas os fundamentos de tal justiça foram estabelecidos como nenhuma mente, desde o começo da criação, jamais concebeu”. “O pálio da existência”, expõe Ele ainda, “descansa sobre o pólo da justiça e não da clemência, e a vida da humanidade depende da justiça e não da clemência”.

Não é de se admirar, pois, haver o Autor da Revelação Bahá’í elegido associar o nome e título daquela Casa destinada a ser a glória culminante de Suas instituições administrativas- não com a clemência, mas sim, com a justiça; haver Ele feito a justiça a base única e o alicerce permanente de Sua Suprema Paz e de havê-la proclamado, em Suas Palavras Ocultas “a mais amada de todas as coisas” a Seu ver. É aos bahá’ís americanos em particular que me sinto impelido a dirigir este apelo fervoroso, para que ponderem em seus corações o que essa retidão moral implica e apóiem de coração e alma, com firmeza absoluta, tanto individual como coletivamente, este padrão sublime este padrão do qual a justiça é elemento tão essencial e potente.

Quanto a uma vida casta e santa, deve ser considerada um fator não menos essencial um que de contribuir devidamente para fortalecer e vitalizar a Comunidade Bahá’í, sendo que disso dependerá, por sua vez, o êxito de qualquer plano ou empreendimento bahá’í. Nestes dias, quando as forças da irreligião estão enfraquecendo a fibra moral e solapando os fundamentos da moralidade individual, a obrigação da castidade e santidade deve exigir cada vez mais da atenção dos bahá’ís americanos, tanto em suas capacidades individuais como em sua qualidade de custódios responsáveis pelos interesses da instituída por Bahá’u’lláh. No desempenho de tal obrigação, tornada peculiarmente significativa pelas circunstâncias especiais resultantes de um materialismo excessivo e enervante que atualmente predomina em seu país, deve seu papel ser conspícuo e de suma importância. Todos, sejam homens ou mulheres nesta hora agourenta em que as luzes da religião minguam e suas restrições, uma por uma, estão sendo abolidas devem fazer uma pausa a fim de se examinarem, averiguarem sua conduta e, com característica resolução, se levantarem para expurgar a vida de sua comunidade de todo traço de lassidão moral que pudesse macular o nome ou diminuir a integridade de uma tão santa e preciosa.

Uma vida casta e santa deve vir a ser o princípio que guie a conduta de todos os bahá’ís, tanto em suas relações com os membros de sua própria comunidade, como em seu contato com o mundo afora. Deve adorar e reforçar a incessante faina e os esforços meritórios daqueles cuja invejável missão é difundir a Mensagem da instituída por Bahá’u’lláh e administrar os seus assuntos. Deve ser mantida, em toda a sua integridade e todas as suas implicações, em cada fase da vida dos que preenchem as fileiras desta Fé, quer seja em seus lares ou suas viagens, em seus clubes, sociedades, diversões, escolas ou universidades. Devemos dar a isto especial consideração ao dirigirmos as atividades sociais de todas as escolas de verão bahá’ís e em qualquer outra ocasião em que a vida de comunidade bahá’í seja organizada e promovida. Isto deve ser íntima e continuamente identificado com a missão da Juventude Bahá’í, quer seja como elemento na vida da Comunidade Bahá’í ou como fator no futuro progresso e orientação da juventude de seu próprio país.

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